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O Brasil na imprensa alemã (23/08)

23 de agosto de 2017

A primeira cachaça orgânica da Alemanha, o joalheiro que lavava dinheiro do tráfico de drogas no Rio de Janeiro e a vitória dos indígenas no STF são destaques nos jornais.

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Brasilien Schnaps Cachaca
Foto: Comugnero Silvana/Fotolia

Sächsische Zeitung – Um pedaço do Brasil que vem de Pesterwitz, 23/08/2017

Soa loucura, mas é verdade: como dois jovens dos arredores de Dresden engarrafaram uma cachaça orgânica.

Jan Stübner, de 27 anos, passou um ano estudando no Rio de Janeiro e não ficou apenas observando os atendentes de bar trabalharem, mas também viajou pelo país. No Nordeste, a cerca de 600 quilômetros da costa, ele conheceu um agricultor que produz a matéria-prima da caipirinha: a cachaça.

Também na produção de cachaça há diferenças enormes, como Stübner logo descobriu: "Os grande produtores queimam a lavoura, recolhem a cana de açúcar e adicionam produtos para acelerar a fermentação".

Já o agricultor no Nordeste do Brasil colhia tudo com o facão e usava apenas o fermento natural da cana de açúcar – tudo era orgânico (bio, em alemão), por assim dizer. Isso deu uma ideia ao visitante da Alemanha: bio está na moda, coquetéis latino-americanos são muito procurados – certamente deve existir aí uma demanda.

De fato, logo ficou claro que ninguém aqui na Alemanha oferecia cachaça bio. Não foram poucos os que consideraram o plano uma ideia de bêbado. Mas Jan encontrou um parceiro no seu antigo colega de escola Roman Wiele, que também é natural de Pesterwitz e costuma ajudar atrás do balcão de um bar.

Faltava ainda encontrar um nome para a criança: Passarinho.

Duas vezes por ano a cana de açúcar é colhida, imediatamente prensada e destilada. Os primeiros barris já estão nas garrafas e nos supermercados. Preço: 25 euros.

Die Welt – Drogas douradas, 18/08/2017

Para designers é um golpe de sorte quando celebridades usam seus produtos em locais públicos. E foi assim que Thiego Raimundo dos Santos, um joalheiro do Rio de Janeiro, festejou a sua hora quando viu a estrela do futebol Neymar com uma corrente feita por ele. Thiego estava fascinado, pois sabia que essa distinção lhe traria muitos clientes.

Foi com orgulho que Thiego compartilhou a foto de Neymar usando a sua corrente nas redes sociais: uma corrente de ouro com as iniciais da estrela do futebol internacional, ornada com 500 pedras preciosas, brancas e negras. Preço: 45 mil reais, quase 12 mil euros.

A especialidade de Santos são joias de ouro exuberantes – correntes pesadas com pingentes tão grandes quanto a palma de uma mão, gangster style com muito bling-bling. Um estilo extrovertido bem ao gosto de seus clientes: estrelas do futebol, como Neymar e Adriano, e o funkeiros famosos. Eles celebram sua ascensão social com dinheiro, carros velozes, festas – e muito ouro brilhante.

As correntes brilhantes de Thiego Santos escondiam seu negócio verdadeiro e dúbio. As peças brilhantes usadas pelas estrelas de futebol eram nada mais nada menos que mercadoria roubada, segundo a polícia, que o prendeu em maio. O ouro que Santos trabalhava era em grande parte roubado ou financiado com dinheiro de drogas. A principal fonte de renda de TH era o tráfico de drogas. O suposto humilde joalheiro contava entre os principais intermediários da máfia das drogas do Rio.

Die Tageszeitung – Com 300 anos de antecedência, 18/08/2017

Índios brasileiros e quilombolas, os descendentes de escravos fugitivos, alcançaram uma vitória parcial diante do Supremo Tribunal Federal na luta contra a diminuição de seus direitos de posse de terra: a criação de várias áreas de proteção dos autóctones foi considerada legal. De forma unânime, os oito juízes presentes rejeitaram o pedido contrário do estado de Mato Grosso.

Os juízes destacaram que as áreas em questão já eram habitadas pelos autóctones há centenas de anos. Eles citaram vários estudos científicos, segundo os quais toda a região entre a Bacia do Rio Amazonas, no norte, e o Cerrado, no Sul e no Oeste, é habitada por indígenas há no mínimo 300 anos, em parte também há mais de 800 anos. Por isso a terra não pertence ao estado, mas aos indígenas.

Mais importante do que a questão da indenização é tom do veredicto dos juízes, que poderiam ter adotado a tese do "marco temporal". Grandes proprietários de terra a invocam para torpedear a criação de áreas de proteção indígena.

AS/ots