O Brasil na imprensa alemã (20/05)
20 de maio de 2020Stuttgarter Nachrichten – Brasil cambaleia sem líder pela pandemia de coronavírus (17/05)
Dois ministros da Saúde deixaram o governo em um mês, um número vertiginoso de infecções por coronavírus e um presidente perdido que quer reabrir gradualmente a economia em seu país antes que a pandemia atinja seu pico: o Brasil cambaleia sem liderança por estes tempos difíceis e se transformou assim no novo foco de coronavírus no continente americano.
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Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro governa de forma cada vez mais autoritária, e a população está cada vez mais farta do chefe de Estado de extrema direita. Na sexta-feira, Nelson Teich se tornou o segundo ministro da Saúde a deixar o governo em curto espaço de tempo – silencioso, sem comentários e profundamente frustrado depois que Bolsonaro proclamara que salões de beleza, cabeleireiros e academias de ginástica são atividades essenciais e decretou a reabertura desses locais. Além disso, ele tentou impor que a cloroquina seja usada no combate à doença, apesar de não ter eficácia comprovada no tratamento da doença respiratória.
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A notícia da renúncia de Teich alimenta em muitos brasileiros a raiva em relação ao reacionário chefe de Estado, que, apesar dos números contrários, continua a minimizar a pandemia em seu país e promove veementemente uma reabertura de outros setores econômicos e escolas. Nas metrópoles particularmente afetadas de São Paulo e Rio de Janeiro, as pessoas dão vazão à raiva com panelaços. E voltam a gritar "fora Bolsonaro".
Stern – Brasil está a caminho de se tornar o epicentro da pandemia (20/05)
Os recordes são quebrados dia após dia e não soam nada bem: somente o estado de São Paulo tem mais mortes por coronavírus do que toda a China: 5 mil. Manaus, cidade na Amazônia fortemente atingida, tem que enterrar seus mortos em centenas de valas comuns. Entre os enfermeiros, o Brasil registra o maior número de baixas no mundo, mais que os Estados Unidos, três vezes mais que a Itália. E ontem o triste recorde provisório do dia: 1.179 pessoas morreram de covid-19 no Brasil em 24 horas.
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A catástrofe teria sido possível de evitar. O governo viu por o que passaram China, Itália, Espanha e França em fevereiro e março. Tinha pelo menos quatro semanas a mais para se preparar para a crise. Mas enviou mensagens confusas e muitas vezes irresponsáveis a seus cidadãos, e o faz até hoje.
Berliner Zeitung – A fúria do coronavírus atinge o Brasil (19/05)
Jair Messias Bolsonaro, o presidente, é responsável pelo que está acontecendo. Contra todos os conselhos dos médicos, ele continua frequentemente se misturando às pessoas, causando aglomerações e zombando dos meios de comunicação que reportam criticamente sobre a propagação do vírus. "Meu nome é Messias, mas não posso fazer milagres", disse ele com um encolher de ombros recentemente, quando questionado sobre a propagação do vírus.
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Além disso, há uma disputa juridicamente explosiva sobre uma suposta interferência do presidente nos assuntos da Polícia Federal, que está investigando os filhos de Bolsonaro. Mais e mais políticos exigem o impeachment de Bolsonaro. Mas isso também abriga o risco de que o presidente possa se apresentar como vítima. Com a "discussão sobre a reabertura" que ele iniciou, Bolsonaro tenta tirar os problemas das capas dos jornais. E seu ponto de vista está ganhando cada vez mais adeptos.
Frankfurter Allgemeine Zeitung – Ele não quis ser cúmplice de Bolsonaro (17/05)
Nelson Teich provavelmente não sabia no que estava se metendo quando se colocou à disposição do presidente Jair Bolsonaro em meados de abril como ministro da Saúde. Apenas quatro semanas se passaram desde sua posse até ele renunciar ao cargo na sexta passada.
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Muitos brasileiros veem o presidente como o motivo do caos. As saídas de seus ministros da Saúde indicam a falta de estratégia do governo e deixam claro que, mesmo na área da saúde, Bolsonaro não se baseia em padrões científicos e técnicos, mas em ideologia e interesses pessoais. Algumas semanas atrás, isso também levou à renúncia de seu ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, que acusa o presidente de interferir no trabalho da Polícia Federal por interesses políticos e pessoais. Com base na alegação de Moro, a Procuradoria-Geral da República ordenou uma investigação que pode levar a um processo contra Bolsonaro e, posteriormente, ao seu afastamento. Existem cerca de 30 pedidos de impeachment.
MD/ots
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