O Brasil na imprensa alemã (18/09)
19 de setembro de 2018Welt.de – Mercados financeiros observam corrida eleitoral no Brasil, 14/09
Está difícil para o Brasil. O país está economicamente abalado – e isso antes das eleições. A destruição do Museu Nacional no Rio de Janeiro é vista por muitos brasileiros como símbolo para a situação do Estado e da sociedade.
Durante tempo demais, os políticos brasileiros perderam a oportunidade de tomar medidas para controlar as crescentes despesas com as aposentadorias. É principalmente por esse motivo que o déficit público superou 7% do Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos quatro anos.
O total das despesas com seguridade social soma quase 45% dos gastos públicos. Com um aumento anual de 3,5% do número de beneficiários, há pouca margem de manobra para investimentos na infraestrutura física e social do país que aumentem a produtividade. Sem uma solução estrutural para a parcela que aumenta das despesas com a Previdência, o Brasil não poderá solucionar seus problemas.
Trocando em miúdos, uma reforma da Previdência é muito importante para a economia brasileira. Se o próximo presidente não tiver um plano credível para controlar as despesas previdenciárias, os mercados financeiros provavelmente venderão maciçamente, empurrando os juros para as alturas e colocando forte pressão sobre a nova liderança brasileira.
Atualmente, parece que apenas dois candidatos têm boas chances: o primeiro deles é o nacionalista de direita Jair Bolsonaro. Apesar de se apresentar como candidato contra o establishment, suas visões se parecem com as do atual governo. Seu principal problema é que seu partido, o PSL, tem pouca influência sobre a política brasileira. Analistas políticos questionam sua potencial eficácia como presidente e sua disposição para realizar reformas.
O programa econômico de Lula/Haddad inclui o fim da regulação fiscal, reformas previdenciárias insignificantes, o fim do programa de privatização e controles de capital para diminuir a volatilidade dos mercados. Provavelmente, os mercados reagiriam muito negativamente a uma vitória de Haddad.
Frankfurter Allgemeine Zeitung – Fuga para o barril de pólvora, 17/09
Os venezuelanos que viviam às centenas nas ruas de Pacaraima desapareceram desde o ataque dos brasileiros. Com medo de mais agressões, a maior parte deles montou suas barracas diante do posto de fronteira venezuelano. Passam a noite entre as fronteiras para voltarem a Pacaraima no dia seguinte. Aqui, há comida e, para poucos, um bico. Mas a maioria apenas espera o processamento da documentação de entrada em Pacaraima. Diariamente, o número aumenta. Segundo dados das Nações Unidas, desde 2014, quase dois milhões e meio de venezuelanos fugiram – uma fuga da fome, do desespero e da repressão. É a maior onda de refugiados da história da América Latina.
Eles vêm para ficar. São até 500 por dia, às vezes mais. Chama a atenção a quantidade de famílias e de mães solteiras com crianças em Pacaraima.
As agressões contra os venezuelanos mostraram que a solidariedade inicial com os refugiados está nitidamente esgarçada. A chegada dos venezuelanos modificou Roraima – não apenas na pequena localidade fronteiriça de Pacaraima, mas também na capital estadual Boa Vista. A maioria dos 60 mil venezuelanos que permanece no estado, segundo a polícia, ficou aqui. Milhares de venezuelanos continuam vivendo nas ruas de Boa Vista. Os venezuelanos estão pondo à prova os serviços públicos de Roraima.
RK/ots
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