O Brasil na imprensa alemã (17/04)
17 de abril de 2019Süddeutsche Zeitung – Combustível acabando, 17/04/2019
As esperanças que seus apoiadores depositaram nele foram frustradas por Jair Bolsonaro nos seus três primeiros meses. Isso se reflete numa forte queda na sua popularidade. Desde o retorno do Brasil à democracia, em 1985, é a pior avaliação de um presidente depois de três meses no cargo. Um motivo para isso é que é muito difícil para Bolsonaro conciliar os interesses e ideologias distintos de seus apoiadores. Um segundo problema: num Congresso dividido e conhecido por seu pendor às intrigas, é tradicionalmente difícil formar maiorias. As dificuldades se mostram sobretudo no debate sobre a reforma das aposentadorias, que é urgentemente necessária.
Frankfurter Allgemeine Zeitung – A jornada errática de Bolsonaro, 12/04/2019
Há alguns dias o presidente Bolsonaro acabou com o horário de verão no Brasil. Não foi uma decisão arrojada, afinal Bolsonaro havia, antes, se assegurado de que a maioria da população não tinha nada contra isso. Nem todas as suas ações desde o início do mandato foram tão cuidadosamente pensadas. Em fins de março, por exemplo, Bolsonaro ordenou que fosse celebrado o aniversário do golpe militar, o que causou estranhamento até entre os generais. E um tuíte sobre a decadência moral do carnaval incomodou até mesmo muitos de seus aliados mais próximos – na Bolsa de Nova York, muitos investidores buscaram informações, a sério, sobre o estado de saúde de Bolsonaro.
Bolsonaro se lançou candidato, no ano anterior, para "mudar tudo isso aí". Ele se referia à "velha política", com seu nepotismo, a política externa multilateral, o sistema de educação "infiltrado pela esquerda", os órgãos estatais ineficientes – dependendo da situação.
As atitudes populistas de Bolsonaro e suas provocações caíram em solo fértil. Só que, em vez aproveitar a alta popularidade no início de mandato para adotar medidas relevantes, ele se ocupou, até aqui, sobretudo com questões secundárias. Até agora, o governo não parece ter um plano claro.
Der Tagesspiegel – O começo sangrento, 11/04/2019
"Atirar primeiro, perguntar depois" – é assim que o novo presidente do Brasil define o trabalho da polícia. Nas favelas do Rio, isso está sendo implementado.
Tatiana Carvalho mostra o atestado de óbito de seu filho. Hematomas, feridas, ferimentos no pulmão e no crânio estão listados. "Os policiais o maltrataram", diz Carvalho, "assim como também os outros jovens". Essa mulher pequena veste uma camiseta com as fotos de dois jovens e a inscrição "Enzo Felipe - eles jamais serão esquecidos". Em torno dela, que tem 39 anos, estão os moradores revoltados da favela Fallet, uma comunidade pobre no Rio de Janeiro, cujas casinhas mal-cuidadas sobem um morro perto do centro da cidade.
As pessoas se reuniram no centro comunitário porque querem contar a sua versão dos dramáticos eventos na favela. Um homem diz: "Vivenciamos o primeiro massacre policial da era Bolsonaro. Isso vai continuar".
Jair Bolsonaro é presidente da República desde o dia 1º de janeiro. Ele prometeu agir com rigor inconsequente contra criminosos e disse "só um bandido morto é um bom bandido". Ou: "Atirar primeiro, perguntar depois". Talvez por isso não seja coincidência que a violência policial aumentou claramente desde que Bolsonaro assumiu o poder. Em janeiro e fevereiro, autoridades do Rio mataram quase 320 pessoas, em média cinco por dia, como apurou o Instituto de Segurança Pública. É a maior média dos últimos 21 anos.
AS/ots
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