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O Brasil na imprensa alemã (13/10)

13 de outubro de 2021

Bolsonaro denunciado em Haia por desmatamento da Amazônia, veto a absorventes gratuitos, julgamento do marco temporal e presidente "aborrecido" com perguntas sobre mortes por covid são temas na imprensa alemã.

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Jair Bolsonaro
"Nossa expectativa é que as emissões por CO2 provocadas pelo desmatamento continuem a subir enquanto Bolsonaro for presidente", disse ONG em denúncia ao TPIFoto: Mateus Bonomi/AA/picture alliance

Die Tageszeitung (taz) – Queixa climática contra Bolsonaro (13/10)

O que a humanidade está fazendo com o planeta é uma "guerra suicida contra a natureza", disse Inger Andersen, chefe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente na cúpula de biodiversidade realizada nesta semana em Kunming, na China.

Mas a nova ONG Allrise, da Áustria, não quer se contentar com a referência à humanidade como um todo. Ela quer responsabilizar aqueles que, em sua visão, têm pessoalmente responsabilidade. Num primeiro passo nesse sentido, os ambientalistas denunciaram o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, ao Tribunal Penal Internacional. A grave acusação: crimes contra a humanidade. Assim, a destruição do meio ambiente estaria no mesmo patamar de crimes de guerra e genocídios.

Concretamente, trata-se da destruição da Floresta Amazônica, pois as taxas de desmatamento dispararam desde a posse de Bolsonaro.

"A destruição da Amazônia afeta todos nós – a população e especialmente os grupos indígenas que vivem lá, mas também as pessoas em todo o mundo por meio das mudanças climáticas", disse Johannes Wesemann, fundador da Allrise. [...] "Nossa expectativa é que as emissões por CO2 provocadas pelo desmatamento continuem a subir enquanto Bolsonaro for presidente."

"Querermos estabelecer um precedente", diz Weseman. "Há mais Bolsonaros, há mais Amazônias. Temos muito o que fazer."

Süddeutsche Zeitung – Problema de meninas (13/10)

O presidente de direita Jair Bolsonaro vetou um projeto de lei que previa, entre outras coisas, a distribuição de absorventes gratuitos em escolas públicas. A iniciativa deveria ajudar a combater a chamada pobreza menstrual: somente no Brasil, há mais de 4 milhões de meninas que não têm dinheiro para produtos de higiene ou acesso a banheiros ou água corrente, de acordo com a ONU.

Segundo Bolsonaro, absorventes não estão na lista de produtos essenciais e não estaria claro de onde o dinheiro para os produtos de higiene deveria vir. A ministra evangélica da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, foi além e disse que, por causa da pandemia de covid-19, os cofres estavam tão vazios que seria preciso decidir: "A prioridade é a vacina ou é o absorvente?"

Agora o Congresso tem 30 dias para reconhecer ou derrubar o veto do presidente. Bolsonaro acredita que, com os absorventes gratuitos, a oposição queira sobretudo conquistar votos. Ele já anunciou o que vai fazer, se a lei ainda passar: "Vou tirar dinheiro da saúde e da educação. Tem que tirar de algum lugar." Especialistas, ativistas, políticos e famosos consideram isso uma besteira. O dinheiro está disponível, o que falta é vontade.

Spiegel Online – Bolsonaro "aborrecido" com perguntas sobre mortes por covid (12/10)

Ele não quer se aborrecer com perguntas sobre mortes ligadas à covid-19 no país: foi o que disse o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, numa aparição pública no Guarujá, no estado de São Paulo, na segunda-feira (11/10). Há poucos dias foi oficializado que mais de 600 mil pessoas morreram em consequência do coronavírus no Brasil.

"Em qual país não morreu gente? Responda", disse Bolsonaro em resposta à pergunta de um repórter sobre as mortes por covid-19. "Não vim aqui para me aborrecer."

O populista de direita minimizou o coronavírus desde o início e rejeita medidas de proteção e restrições. Ele também coloca em dúvida o sentido das vacinas e ressaltou mais de uma vez que ele mesmo ainda não foi vacinado. Em julho do ano passado, ele se infectou com o vírus.

Está em andamento uma comissão parlamentar de inquérito sobre a gestão da pandemia por seu governo. No início de outubro, houve manifestações contra o presidente em várias cidades brasileiras. Os participantes exigiam o impeachment dele, mais vacinas e empregos.

Welt am Sonntag – Luta pela floresta (10/10)

No momento, está em jogo o julgamento do Supremo Tribunal Federal para decidir: a quem pertence de fato a Floresta Amazônica? Aos povos indígenas que viveram e, em alguns casos, ainda vivem lá, ou às gerações sucessoras dos senhores coloniais europeus e, portanto, praticamente à indústria brasileira?

Trata-se da regra do marco temporal, segundo a qual somente teriam direito às suas terras os povos que estavam em posse delas ou em batalha judicial ou conflito direto com invasores em 5 de outubro de 1988, quando a Constituição foi proclamada. Comprovar isso, no entanto, é praticamente impossível, pois, desde a colonização pelos europeus, os povos indígenas, não somente no Brasil, mas em toda a América Latina, estão em fuga ou ameaçados de serem expulsos de suas terras.

"O futuro da Amazônia está em jogo", diz a ativista indígena Samela Sateré Mawé, do Fridays for Future Brasil.

Uma decisão judicial que obrigue os povos indígenas a provarem algo que, devido à falta de documentos, é difícil que eles consigam pode acabar liberando as áreas para a exploração de petróleo e gás, mineração de ouro, comércio de madeira ou agronegócio.

lf/ek (ots)