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O Brasil na imprensa alemã (01/04)

1 de abril de 2020

Esta semana, mídia da Alemanha criticou em peso atitude de Bolsonaro perante crise da covid-19, o chamando de "o último negacionista do coronavírus". Proibição de entrada de estrangeiros também foi notícia.

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Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro vem sendo cada vez mais criticado pela população, observa jornal alemãoFoto: Getty Images/A. Anholete

Die Zeit ‒ A epidemia chega, o presidente faz piada (29/03)

O chefe de Estado Jair Bolsonaro vem se comportando de forma bizarra há dias: o presidente faz piadas com o coronavírus. Numa de suas declarações contraditórias, ele sugeriu que a crise de covid-19 seria uma teoria da conspiração, dizendo que "certamente tem um interesse econômico nisso".

Mais tarde, ele reduziu a ameaça a "uma gripezinha" e nem sequer colocou a máscara de proteção em entrevista ao lado de seu ministro da Saúde. Quando o presidente era para estar temporariamente em quarentena, porque vários funcionários em seu entorno haviam sido infectados, ele provocativamente estendeu as mãos para uma multidão e tirou selfies com seus admiradores.

Jair Bolsonaro é um político calculista e ‒ onde ele considera necessário ‒ inescrupuloso. No momento, parece que ele calculou mal: em várias cidades do país, ocorreram nos últimos dias os chamados panelaços, nos quais os manifestantes batem alto em panelas. Ao fazê-lo, eles expressaram sua raiva contra o presidente, que não leva a sério a crise do coronavírus.

O bater de panelas mais estridente ocorreu especialmente em bairros da classe alta, o que vários observadores políticos já interpretam como o ocaso iminente de Bolsonaro: foi particularmente essa parcela da população que o levou ao poder em 2018. Em pesquisa publicada no jornal Valor Econômico, 64% dos entrevistados disseram rejeitar a resposta de Bolsonaro à crise da covid-19.

Mas, da perspectiva do presidente, as coisas podem parecer um pouco diferentes. No Brasil vão acontecer eleições presidenciais somente daqui a dois anos e meio. Até lá, espera-se que a pandemia esteja contida ou tenha simplesmente seguido seu curso. De qualquer forma, não se sabe o que o Brasil poderia fazer atualmente para combater o coronavírus, mesmo que Bolsonaro levasse o assunto mais a sério.

O sistema de saúde não pode ser ampliado rapidamente para que o número esperado de doentes possa ser administrado: nos hospitais públicos, existem em média cerca de sete leitos de UTI para cada 100 mil habitantes, enquanto a demanda ‒ baseada na experiência de outros países ‒ seria mais do que o triplo dessa cifra.

Frankfurter Rundschau ‒ O último negacionista do coronavírus (29/03)

Na América Latina, cresce o medo diante do aumento das taxas de infecção e dos sistemas de saúde sucateados. O presidente brasileiro Bolsonaro enfrenta crescente resistência.

Cleonice Gonçalves só ficou famosa após sua morte. Acredita-se que a trabalhadora doméstica de 63 anos tenha sido a primeira vítima a morrer do novo coronavírus no Rio de Janeiro. Com toda a probabilidade, ela foi infectada por sua patroa, que festejou o Carnaval na Itália, trazendo o vírus de lá e o passando para seus funcionários.

A morte de Gonçalves joga luz sobre a situação dos pobres na crise do coronavírus. Observando as favelas do Brasil, onde milhares de pessoas vivem frequentemente amontoadas num espaço confinado, pode-se prever o que ameaça o Brasil e outros países da América Latina, quando o coronavírus começar realmente a assolar por lá. Afinal, cerca de 200 milhões de pessoas vivem em situação de pobreza na região.

A ira vem crescendo há muito tempo entre a população, e até as elites do país estão preocupadas com a teimosia de seu presidente. O alto escalão das Forças Armadas se reuniu recentemente com o vice-presidente Hamilton Mourão para expressar seu descontentamento. Não há consenso na mídia brasileira se os militares apenas pediram ao ex-general Mourão que freasse seu presidente ou se já discutiram cenários para sua substituição. Mas uma coisa é clara: o chefe de Estado não entende a seriedade da situação.

A maioria dos outros países da América Latina possui agora regras de quarentena mais ou menos rígidas. Mas os médicos temem que um surto massivo de covid-19 possa ter consequências ainda mais fatais na América Latina do que na Europa. O motivo: os hospitais e os setores da saúde não estão preparados para isso, porque os sistemas se encontram substancialmente mal equipados devido à falta de financiamento.

Deutschlandfunk ‒ Brasil fecha portas para estrangeiros devido coronavírus (28/03)

O Brasil está endurecendo as regras de entrada na luta contra a propagação do coronavírus.

Como anunciado pelo Ministério da Justiça, estrangeiros não residentes no Brasil não podem mais entrar no país de avião. A proibição será aplicada por 30 dias a partir de segunda-feira.

Nos últimos dias, o presidente Jair Bolsonaro se pronunciou repetidamente contra medidas excessivamente rigorosas e restrições de contatos sociais por temer consequências para a economia do país. Ele também criticou cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, que estabeleceram amplas medidas de confinamento.

Críticos acusam Bolsonaro de minimizar o perigo do coronavírus. Em outros países da América do Sul, como a Argentina, as restrições de entrada estão em vigor há algum tempo.

CA/ots

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