O Brasil na imprensa alemã (29/07)
29 de julho de 2020Brasil: de epicentro do coronavírus a epicentro de vacinas – Tagesschau.de, 26/07/2020
O Brasil é considerado um mau exemplo na maneira de lidar com a pandemia de coronavírus. Agora estão em andamento testes de vacinas e, em contrapartida, o país garante doses delas para si. O presidente Jair Bolsonaro pode sair ganhando com isso?
O Brasil é um epicentro do coronavírus. O país registra tristes recordes: cerca de 85 mil mortos e 2,3 milhões de casos confirmados. O presidente Jair Bolsonaro minimizou durante meses o vírus, participou de manifestações, ignorou regras de distanciamento, abraçou pessoas e acabou ele mesmo infectado. Até na quarentena Bolsonaro continuou polemizando contra restrições de contato e recomendando a polêmica cloroquina, usada contra a malária.
Por causa do alto número de infectados, o Brasil também virou epicentro da pesquisa por uma vacina. Pois a fase decisiva dos testes clínicos requer um número elevado de casos. Assim pode-se constatar mais rapidamente se uma vacina funciona.
O Brasil teria acesso à vacina mais rapidamente do que outros países. A infectologista Sue Ann Costa Clemens, que ajudou a costurar o acordo com a Universidade de Oxford, mostra-se satisfeita: o Brasil teria acesso fácil à vacina e poderia até mesmo exportá-la.
O Brasil passaria de mau exemplo internacional para produtor de vacinas, até mesmo fornecedor para toda a região. O país também se lança ao nível das nações industriais, pois os Estados Unidos encomendaram 300 milhões de doses da mesma vacina britânica.
Mas como isso combina com um presidente que faz de tudo para boicotar o controle da epidemia? Observadores dizem que Bolsonaro tem uma estratégia. Ele quer colocar a crise econômica causada pelo coronavírus na conta de prefeitos e governadores que se manifestaram a favor das restrições de contato. Por isso minimiza o vírus e estimula os brasileiros a consumir e a trabalhar.
"Bolsonaro tem um plano claro de como se reeleger em 2022 apesar da crise econômica", diz o cientista político Oliver Stuenkel. "Ele quer ser um presidente das boas notícias. Ele quer ser responsável pela vacina, e não pela crise econômica."
"Meus pacientes vivem com medo" – Die Zeit, 27/07/2020
O Brasil é um importante laboratório de testes para diversas vacinas contra o coronavírus. Uma médica das favelas do Rio participa deles como voluntária.
Foi só uma picadinha no braço. Se estiver com muita sorte, Marina de Almeida está desde então protegida contra o coronavírus. Mas se de fato é assim essa médica de 30 anos, do Rio de Janeiro, só vai saber no fim do estudo do qual ela participa. Ela está entre as primeiras pessoas que receberam uma vacina de nome complicado: ChAdOx1 nCoV-19. Ou um placebo.
O medicamento, que, se tudo correr bem, deverá imunizar pessoas contra o coronavírus, é desenvolvido pela Universidade britânica de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca. Um enorme estudo está em andamento no Brasil. Assim como Almeida, milhares de brasileiros receberão injeções nas próximas semanas.
O Brasil é, ao lado dos EUA e da África do Sul, especialmente importante como laboratório global para diversos testes de vacinas contra o coronavírus: o país, de 210 milhões de habitantes, vivencia há meses um dos piores surtos na pandemia. No início da semana havia mais de 80 mil mortos – o número real deve ser bem maior.
Bolsonaro diz que testou negativo para o coronavírus – Berliner Zeitung, 25/07/2020
No Twitter, o presidente brasileiro anuncia, sorridente: "Sars-Cov-2: negativo". Não está claro quando o teste foi feito.
O presidente Jair Bolsonaro superou a infecção com o novo coronavírus, segundo sua própria declaração. "RT-PCR para Sars-Cov-2: negativo", escreveu o chefe de Estado no Twitter, no sábado. "Bom dia a todos."
Bolsonaro chamou o coronavírus várias vezes de "gripezinha" e rejeitou limitações e medidas de proteção. Ele declarou que tomou o polêmico medicamento hidroxicloroquina, cuja eficácia contra o vírus Sars-Cov-2 nunca foi comprovada.
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