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O Brasil na imprensa alemã (24/02)

24 de fevereiro de 2021

Intervenção de Bolsonaro na Petrobras, tráfico pela fronteira amazônica e transfobia no Brasil estão entre os temas abordados pela imprensa alemã na semana.

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Bandeira do Brasil em frente à sede da Petrobras
Foto: Carl de Souza/AFP/Getty Images

Die Süddeutsche Zeitung – Bolsonaro faz a Bolsa entrar em queda livre (22/02)

A demissão do chefe da empresa petrolífera Petrobras pelo presidente Jair Bolsonaro deixou os investidores brasileiros nervosos. As ações da empresa estatal mergulharam em queda de mais de 20% na segunda-feira. Foi o maior recuo desde o crash do mercado acionário de março de 2020, o que reduziu o valor da Bolsa de Valores em cerca de 9 bilhões de euros.

Os investidores também se afastaram da moeda brasileira. O dólar subiu para R$ 5,5335, maior alta em três meses e meio. Ao mesmo tempo, cresceu o medo de inadimplência. A cobertura contra a inadimplência de um pacote de 10 milhões de dólares de títulos brasileiros subiu de 22 mil dólares para 185 mil dólares. Este é também o nível mais alto em cerca de três meses e meio. Os investidores se perguntavam se Bolsonaro não iria se restringir a influenciar apenas as empresas estatais e aumentar os gastos do governo sem encarar as reformas necessárias, disse um corretor da bolsa. Eles duvidam agora da vontade do governo de defender uma economia de livre mercado.

TAZ - Transfobia no Brasil: contra as resistências (24/02)

De repente, o medo voltou. É final de janeiro, Erika Hilton está sentada em seu gabinete em São Paulo quando ouve vozes altas vindas de fora. Um homem está tentando entrar no escritório. Ele carrega uma mochila, e em sua máscara está impressa uma cruz e o slogan "Deus é amor". Ele parece nervoso e permanece fora do gabinete por um tempo. Finalmente, a equipe da vereadora consegue mandá-lo embora, mas ele deixa uma carta. Nela, se apresenta como um "garçom reacionário" e escreve que ele ameaçou Hilton na internet. Hilton diz ao TAZ: "Foi um susto. E um sinal de que não estamos seguros".

Dois meses antes. É 17 de novembro de 2020, e Erika Hilton veste um vestido verde florido na ampla varanda de um centro cultural, as luzes da megalópole São Paulo brilham ao fundo. Ela está segurando uma garrafa de champanhe na mão, colegas se abraçam. O vídeo foi gravado minutos depois de ser anunciado que Hilton se tornaria a primeira mulher transexual eleita vereadora em São Paulo. Ela obteve 50.508 votos [...] virou foi uma estrela da esquerda brasileira.

Mas há o outro lado da fama. Ela agora só sai nas ruas com guarda-costas, não pode mais sentar-se em restaurantes, passa muito tempo em carros com vidros escuros. Somente em seu primeiro mês no cargo, ela levou mais de 50 ameaças de morte à Justiça. No final de janeiro, um homem não identificado disparou tiros contra a casa de uma colega, e um motociclista atirou para o ar fora da casa de outra política. Como Hilton, as duas são negras, trans e membros do PSOL. Se existe uma conexão entre os atos ainda não foi esclarecido. Mas uma coisa é clara: os políticos de esquerda vivem sob perigo no Brasil. De onde vem esse ódio?

"Quando deixamos os lugares que nos são atribuídos socialmente e tomamos posições de poder, nos tornamos automaticamente o alvo de ataques", diz Hilton. O racismo e a transfobia, afirma, estão profundamente enraizados na mente de muitas pessoas. Isso torna a vida "cruel" para todos aqueles que estão à margem. Negros, LGBTI, periféricos. Hilton sabe do que ela está falando.

FAZ – Pela fronteira verde (24/02)

No norte do Brasil, o tráfico de drogas está florescendo graças a ajudantes da Venezuela. Deles, 19 já foram presos - suspeitos de serem membros da maior organização criminosa do Brasil.

As acusações apresentadas contra vários criminosos pelo Ministério Público no estado de Roraima, no norte do Brasil, estão chamando a atenção. Dezenove dos presos são venezuelanos. Mas outro fato é alarmante: todos eles são suspeitos de serem membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior organização criminosa do Brasil. O PCC controla grande parte do mercado de narcóticos do Brasil e das exportações do Brasil para a Europa.

Durante vários anos, a organização se voltou para o norte do país, que se tornou uma importante rota de tráfico. Uma consequência das disputas territoriais com grupos rivais vem sendo vários massacres sangrentos em prisões da região, dois deles em 2016 e 2017 em um centro de detenção no estado de Roraima, que faz fronteira com a Venezuela, com dezenas de mortes.