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O Brasil na imprensa alemã (10/03)

10 de março de 2021

Jornais alemães destacam condução desastrosa da pandemia pelo governo Bolsonaro e decisão que anulou condenações do ex-presidente Lula e permitiu que o petista possa voltar a disputar eleições.

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Frankreich Ehem. brasilianischer Präsident Lula Da Silva
Foto: Daniel Pier/Nur Photo/picture alliance

Süddeutsche Zeitung – De volta para o futuro (10/03)

No Brasil, a campanha presidencial pode ter começado na segunda-feira. Porque mesmo que a data para a votação de 2022 ainda não tenha sido fixada, desde o início desta semana já parece claro para muitos quem são os maiores candidatos: Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva.

Isso é possível graças à decisão de um juiz da Suprema Corte: na segunda-feira ele declarou inválidos todos os julgamentos por corrupção contra Lula, e com eles uma condenação.

Lula da Silva foi presidente do Brasil de 2003 a 2011. Ele queria concorrer novamente em 2018, com as pesquisas prevendo que ele tinha boas chances. Mas então uma condenação por corrupção tornou sua candidatura impossível. Lula da Silva sempre negou todas as acusações e denunciava ser vítima de um julgamento político. Ele foi mandado para a prisão com uma longa pena, seu nome foi retirado das urnas e, no final, o populista de direita Jair Bolsonaro venceu as eleições de 2018.

O fato de que agora não só os julgamentos tenham sido anulados, mas também de Lula da Silva recuperar todos os direitos políticos, é o sonho tornado realidade para seus partidários.

Especialmente entre os pobres do Brasil, o ex-líder sindical ainda goza de grande apoio. Durante o mandato de Lula da Silva, o Brasil experimentou um boom. A alta demanda global por matérias-primas trouxe dinheiro para o país. Muito fluiu diretamente para os bolsos de políticos corruptos, mas também para grandes programas sociais.

Mas a anulação das sentenças contra Lula da Silva também não é necessariamente uma má notícia para o presidente em exercício do Brasil. Bolsonaro está sob pressão crescente nos últimos meses.

O retorno potencial de seu antigo adversário Lula da Silva é uma distração bem-vinda. Bolsonaro pode alimentar os velhos ódios e assim remobilizar as alas afastadas de sua base. No entanto, ainda há algo desconhecido em tudo isso: ainda não é de modo algum certo se Lula da Silva vai mesmo concorrer nas eleições.

No próximo ano, o social-democrata terá 77 anos de idade. Uma vitória sobre Bolsonaro seria a coroação de sua carreira política.

FAZ – Agora é novamente esquerda contra direita (09/03)

A decisão do juiz Fachin tem potencial explosivo. O Brasil ameaça se tornar ainda mais polarizado do que já é. Muitos já estão prevendo um segundo turno entre Bolsonaro e Lula. Por toda a rejeição que despertam - os dois precisam um do outro para mobilizar seus eleitores.

O que o presidente do Brasil não está dizendo é que o retorno de Lula é conveniente para ele. Porque quando Bolsonaro ganhou as eleições em 2018, ele conseguiu fazê-lo principalmente porque os brasileiros o viam como a antítese do Partido dos Trabalhadores.

Por isso, no Brasil, agora provavelmente é esquerda contra direita. Não há praticamente nenhum espaço para candidatos do centro político. A um ano e meio das eleições, o Brasil caminha para uma campanha eleitoral carregada - e isso no auge da pandemia, com mais de 250 mil mortes por covid-19 e em meio a uma crise econômica.

Os mercados reagiram de forma assustada diante desse cenário. 

Der Tagesspiegel – Bolsonaro sabota luta contra o coronavírus (10/03)

Na atual situação, imagina-se que o presidente do Brasil esteja fazendo tudo ao seu alcance para combater o vírus. Mas, na verdade, é o oposto. Desde o início da pandemia, Jair Bolsonaro sabota os esforços dos governadores e prefeitos para conter o coronavírus.

Recentemente, ele apelou a seus apoiadores para que não obedecessem aos lockdowns. (…). Semanalmente, Bolsonaro viaja pelo país e se aglomera com pessoas sem máscara. Parece que ele gosta de provocar. Além disso, ele está atrasando a campanha de vacinação. Seu governo rejeitou várias ofertas de fornecimento de grandes quantidades de vacinas. Em vez disso, muito dinheiro foi usado para comprar remédios ineficazes que Bolsonaro ainda hoje promove, como a cloroquina.

Recentemente, Bolsonaro até vetou as solicitações de vários estados para aprovação rápida de vacinas estrangeiras. No entanto, o Brasil não tem vacinas, e várias cidades já tiveram que suspender suas campanhas de .

Tudo isso é ainda mais trágico porque o Brasil já foi um modelo para campanhas de vacinação. Possui um dos maiores sistemas de saúde gratuitos do mundo.

Hoje, porém, o Brasil é governado por um homem que parece ter um desejo diabólico de destruição.

rpr (ots)