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O Brasil na imprensa alemã (03/07)

3 de julho de 2019

Acordo UE-Mercosul é destaque na mídia alemã. Jornal lembra atrito entre Bolsonaro e Merkel e diz que Europa revela "dupla moral" ao negociar pacto com o Brasil, cujo presidente tem imagem "devastadora" no exterior.

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Os presidentes de França, Emmanuel Macron, e do Brasil, Jair Bolsonaro, observam o cumprimento entre o presidente da Argentina, Mauricio Macri, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker
Macron e Bolsonaro observam o cumprimento entre Macri e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude JunckerFoto: Getty Images/AFP/C. Triballeau

Handelsblatt – A maior zona de livre-comércio do mundo (01/07)

Boas notícias para a indústria alemã: a comissão da União Europeia e representantes dos governos de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai chegaram a um acordo de livre-comércio. Uma vez em vigor, o acordo entre a UE e o mercado sul-americano do Mercosul removerá muitas barreiras para exportadores da indústria e da agricultura.

Trata-se do maior mercado do mundo com 780 milhões de consumidores, que englobam cerca de um quarto da produção econômica global em termos do Produto Interno Bruto (PIB). Do ponto de vista econômico, o acordo é o mais significativo já assinado pela UE. Para as empresas europeias se abre um mercado na América do Sul com 260 milhões de consumidores.

Um mercado até então de difícil acesso para exportadores europeus devido a altas taxas de importação, especialmente sobre carros, maquinários e produtos farmacêuticos. As empresas de países-membros da UE também devem poder concorrer em licitações públicas nos quatro países sul-americanos.

Importantes líderes europeus, incluindo a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, pressionaram os negociadores por um desfecho antes da cúpula do G20, em Osaka, no Japão. Eles queriam enviar a seguinte mensagem ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump: se os Estados Unidos não aceitarem as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), então os defensores do comércio multilateral fecharão entre eles tantos acordos de livre-comércio quanto possível.

Der Tagesspiegel – Preparar o terreno (01/07)

A União Europeia e o Mercosul, com Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, querem criar um mercado livre de impostos para cerca de 780 milhões de pessoas – e também uma resposta à nova política comercial dos Estados Unidos. Ao todo, 91% das exportações da UE para esses países sul-americanos estarão isentos de taxas alfandegárias, assim como até 92% das exportações do Mercosul para a Europa.

Até então, por exemplo, os impostos alfandegários para carros da Europa estão em 35%, para autopeças, entre 14% e 18%, para maquinários, até 20% do valor, para vinho, 27% e para pêssegos em latas, até 55%. Isso torna os produtos mais caros e menos competitivos.

Sob os termos do acordo, o Mercosul abrirá suas portas para 357 produtos regionais específicos e respeitará suas marcas – e os Estados-membros da UE respeitarão denominações regionais tradicionais, como a cachaça brasileira ou o vinho argentino Mendoza, e não duplicarão esses produtos.

Registros computam que mercadorias no valor de 45 bilhões de euros são exportadas para os países do Mercosul, enquanto mercadorias no valor de 43 bilhões de euros são importadas pela UE.

Por que a América Latina está se tornando cada vez mais importante para os europeus? Trata-se da procura de novos mercados em tempos de crescente incerteza. Além disso, a China também tem ganhado cada vez mais terrenos na região. E a América Latina está historicamente e culturalmente conectada à Europa.

Desde 1999 ocorriam negociações intermitentes. E que justamente tenha sido o presidente linha-dura Jair Bolsonaro a abrir o caminho está relacionado ao fato de que o acordo é visto como igualitariamente benéfico – e o Brasil também precisa de novos mercados.

Além disso, o ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, pertence à escola dos chamados Chicago Boys. Ele estudou em Chicago com os defensores da doutrina do livre mercado, como Milton Friedman.

Quem se beneficia na Europa? Sobretudo os conglomerados industriais. As empresas europeias precisam pagar altas tarifas caso queiram exportar seus produtos para o Mercosul, mas com o acordo poderão economizar cerca de quatro bilhões de euros.

E o que isso significa para os consumidores? Defensores do consumidor temem que possam entrar na UE alimentos que atendem a padrões menos rigorosos. No Brasil, por exemplo, houve há apenas dois anos um escândalo na indústria frigorífica: venda de carne vencida e artificialmente colorida e suborno de inspetores alimentícios para receber os certificados necessários. Além disso, há grandes preocupações com o uso massivo de pesticidas.

Die Welt – O presidente desafortunado (02/07)

A imagem do presidente brasileiro Jair Bolsonaro no exterior é devastadora. [...] A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, juntou-se às fileiras dos críticos do presidente populista de direita. No Japão, ela queria transmitir "uma palavra clara, por achar dramático o que está acontecendo no Brasil", referindo-se à Amazônia.

Bolsonaro respondeu com igual clareza e acusou os europeus de "psicose ambiental". E ele recorreu às emoções políticas e afirmou que os países ocidentais ainda tratavam o Brasil como uma colônia. "Faltava alguém para lhes dizer que o Brasil mudou. Que é preciso nos respeitar, enquanto eu for presidente", disse Bolsonaro.

Apesar de tudo, Merkel quer fazer negócios com o potencial talhador de florestas. O acordo UE-Mercosul é um excelente exemplo de dupla moral europeia no relacionamento atual com o Brasil. E agora Bolsonaro começa a se beneficiar da arrogância dos europeus.

Na segunda-feira, o presidente completou meio ano de mandato. Especialmente na imprensa ocidental, cenários de horror foram engendrados antes de sua presidência. Falou-se sobre o estabelecimento de uma ditadura fascista e o colapso do sistema democrático. Seis meses depois, a realidade parece menos histérica.

E são justamente os europeus críticos que estão tirando Bolsonaro da lama. Com diversos problemas em contornar assuntos políticos internos, Bolsonaro tem com o acordo de livre-comércio seu primeiro triunfo político, que pode ser usado muito bem como propaganda no Brasil. O jornal O Globo inclusive já comemorou "o fim do antigo isolamento".

Neymar curtindo o carnaval do RIo de Janeiro
Neymar no carnaval do Rio: jogador tem repercutido muito mais por polêmicas extracampo do que por seu futebolFoto: Getty Images/M. Pimentel

Süddeutsche Zeitung – "Neymar poderia ser o melhor" (02/07)

O ex-jogador Zé Roberto, com passagens por Real Madrid, Bayer Leverkusen, Bayern de Munique e Hamburgo, completa 45 anos nesta semana. Zé Roberto auxilia atualmente as comissões técnicas da base e do profissional do Palmeiras. E também tem atuado como comentarista para uma emissora nesta Copa América.

Você pendurou as chuteiras aos 43 anos. Consegue imaginar o Neymar jogando futebol até os 43 anos?

"Definitivamente não! Se ele continuar assim, ele nem vai jogar quando tiver 30 anos. Neymar está a caminho de perder o momento de assumir o papel principal que ele deveria ter devido ao seu grande talento. Ele poderia ser o melhor da geração pós-Messi e pós-Cristiano Ronaldo, à frente de jogadores como Paul Pogba e Kylian Mbappé. Na verdade, ele deveria estar lá há muito tempo.

As lesões que ele sofreu não o ajudaram, mas sua cabeça não está 100% concentrada no futebol. Em algum momento ele perderá a alegria de jogar futebol. No Santos ele ainda gostava do futebol, eu não vejo mais isso. Neymar precisa passar por uma mudança fundamental. Em sua cabeça. E focar no futebol."

PV/ots

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