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Aposentado

13 de agosto de 2010

A aposentadoria não significa ficar parado para o alemão Nikolaus Netzhammer. Só depois de aposentado ele encontrou tempo para se dedicar às pesquisas históricas. O resultado: dois livros publicados e outros no prelo.

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Nikolaus gosta de caminhar e do contato com a natureza

Levantar cedo, tomar café da manhã e sair para a rua. No mais tardar às 7h15 o aposentado Nikolaus Netzhammer, de 71 anos, já está na rua. Hoje ele ainda precisar acertar o projeto de um livro.

O historiador amador de Bonn encontrou sua vocação na pesquisa das raízes de sua família. Seu tio-avô Raymund foi, de 1905 a 1924, arcebispo católico de Bucareste e se dedicou com afinco à tarefa de escrever diários.

Um século depois de escritos, o sobrinho-neto entregou a tradução para o romeno dos diários do tio-avô à Academia Romena de Bucareste. A série de livros foi também entregue pessoalmente por Nikolaus ao patriarca da Igreja Ortodoxa da Romênia, Teoctist.

E isso ainda não é o suficiente: o aposentado está trabalhando na edição romena de mais uma obra de seu tio-avô. "Ocupar-se com a história é fascinante", diz Nikolaus, que tem uma filosofia de vida curiosa para um historiador: "O presente é a única realidade".

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Com o patriarca TeoctistFoto: DW/Borisova

Outra frase favorita de Nikolaus: "Viver às margens do rio Reno me dá a sensação de participar do fluxo da vida". Mesmo cantando sua aldeia, o aposentado leva uma vida cosmopolita: são viagens para Bucareste ou Viena, para pesquisar em arquivos públicos ou em igrejas, ou para Roma, para apresentar em uma conferência num simpósio internacional.

Vida familiar

Aparentemente ele tem mais o que fazer hoje, como aposentado, do que quando ainda estava "na ativa". Por mais de 36 anos Nikolaus e a esposa Maria dirigiram sua própria escola.

A escola ditava o ritmo da vida. Nikolaus gosta de se lembrar: "Era uma troca constante entre nós, de um lado, e alunos, pais e professores do outro. Hoje isso acabou." A escola era um microcosmos, um mundo à parte.

A aposentadoria não significou sossego para Nikolaus. Desde a doença da sua mulher, ele também se ocupa muito com as tarefas domésticas. Ainda assim, sempre sobra tempo para as suas pesquisas históricas.

A maior parte do tempo ele passa em frente ao computador. Em dois grandes armários de madeira estão as correspondências, as fotocópias de livros e de material de arquivo. "Gosto de fazer várias coisas ao mesmo tempo."

Ele acredita que isso tem a ver com o fato de ser canhoto e – como era comum na Alemanha antigamente – ele também foi treinado para escrever com a mão direita. Por isso, conclui, ele tenta sempre fazer coisas com as duas mãos. É um dos seus pontos fracos, afirma.

Infância feliz

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Com os pais e os irmãos, numa foto do arquivo pessoalFoto: privat

Quem é assim ativo precisa de paz e descanso – Nikolaus os busca em longos passeios. "Nas duas primeiras horas tudo que estava inconsciente e não havia sido trabalhado pela mente vem à tona. Surgem coisas que havíamos esquecido e que devemos resolver logo. Depois de duas horas tudo fica mais calmo: não há mais ideias concretas, somente sensações, geralmente agradáveis. Aí eu simplesmente me deixo levar."

Nascido na fronteira da Alemanha com a Suíça, no pequeno vilarejo de Erzingen, Nikolaus cresceu em contato com a natureza. A família era proprietária de muitas terras e produzia boa parte dos alimentos que consumia.

Eram dez filhos. "Minha infância foi muito feliz, apesar dos meus pais serem muito severos. Claro que as crianças tinham de ajudar no trabalho no campo e em casa." Até hoje, conta Nikolaus, os encontros de família na terra natal são uma tradição.

Nikolaus se define como uma pessoa feliz, mesmo que ele não tenha conseguido realizar um sonho: ser um grande organista.

Autora: Marina Borisowa (as)
Revisão: Bettina Riffel