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O alemão e seus animais de estimação

av22 de novembro de 2002
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O primeiro na preferência nacionalFoto: AP

Uma das diversas ondas de consumo que assolaram a Alemanha após a Segunda Guerra Mundial encheu as casas com animais de estimação dos mais exóticos. Lado a lado com os tradicionais cão e gato, encontramos, desde a década de 1970, serpentes, macacos, papagaios, ocelotes, aranhas e camaleões. Ao mesmo tempo, a associação doméstica com animais assumiu formas extremas e freqüentemente grotescas.

Desse modo, cresce na Alemanha o mercado para artigos de luxo, como cestinhas e camas ortopédicas, escovas especiais, assim como a de rações com salmão ou carne de caça, custando quase tanto quanto um jantar num restaurante chique. Cada vez mais, já não basta um veterinário para garantir o bem-estar dos companheiros irracionais: eles necessitam de dentista, psicólogo, cabeleireiro, estilista, hotel de férias e muito mais.

Em cerca de 34% dos 37 milhões de casas na Alemanha vivem atualmente 6,2 milhões de gatos, 5,1 milhões de cachorros, 5,1 milhões de pássaros quatro milhões de pequenos mamíferos, como hamsters e coelhos. Além disso, há 3,2 milhões de aquariófilos no país, mantendo cerca de 80 milhões de peixes ornamentais.

A quantia empregada anualmente na compra de animais de estimação é calculada em 153 milhões de euros. Somente em rações, os companheiros domésticos consomem 2,5 bilhões de euros. Dizem as más línguas que cães e gatos gozam de mais carinho e tolerância entre os alemães do que as crianças. Fato é que, ao alugar um apartamento, muitas vezes o dono de um cachorro contará com mais boa vontade por parte do proprietário do que uma família com filhos.

Apesar desse amor que não mede esforços nem despesas, ocasionalmente vêm à tona na Alemanha casos de atrocidade contra animais que mostram a urgência de uma legislação protetora mais abrangente. Em 1997 um homem da Baixa Saxônia foi condenado a um ano e nove meses de prisão, por atear fogo a seu velho cão doente. Outras formas – involuntárias – de crueldade geralmente se originam numa combinação de amor exagerado e ignorância das exigências animais, em termos de espaço, movimento ou alimentação.