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Número de mortes por mês bate recorde na Suécia

18 de maio de 2020

Citada como "modelo" por populistas de direita, país que evitou impor medidas mais rígidas de isolamento do que os vizinhos registrou o maior número de óbitos em um mês desde dezembro de 1993.

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Foto: imago images/McPHOTO

Mais suecos morreram em abril do que em qualquer mês anterior desde dezembro de 1993, apontam dados do Escritório de Estatísticas do país revelados nesta segunda-feira (18/05), que deixam o claro os efeitos da pandemia de coronavírus entre os suecos.

A Suécia vem sendo apontada como um "modelo" a seguir por diversos governantes populistas do mundo que resistem a adotar medidas mais severas contra a pandemia, como o brasileiro Jair Bolsonaro e o americano Donald Trump. Ao contrário de seus vizinhos escandinavos, a Suécia evitou fechar o comércio e restaurantes e manteve abertas as escolas do ensino fundamental.

No entanto, os números de óbitos mostram os problemas do modelo. A Suécia vem registrando proporcionalmente muito mais mortes que seus vizinhos escandinavos, que adotaram medidas mais rígidas para conter o avanço do vírus. Desde o início da pandemia, 3.698 suecos morreram de covid-19 – 346,55 por 1 milhão de habitantes. Na vizinha Dinamarca, morreram 537 pessoas, ou 92,63 por 1 milhão de habitantes.

Em abril, 10.458 pessoas morreram de causas variadas na Suécia, entre elas covid-19. Só em dezembro de 1993 o país registrou mais mortes num mês: 11.057. Proporcionalmente, levando em conta toda a população sueca, o país também registrou um pico de óbitos em janeiro de 2000, quando morreram 110,8 pessoas por 100 mil habitantes. 

Neste mês de abril de 2020, a proporção foi de 101,1. Em 2000, a população sueca tinha cerca de 1,5 milhão de habitantes a menos. Tanto em 1993 quanto 2000, as altas no número de mortes foram atribuídas a surtos sazonais de gripe.

Apesar de ter adotado um modelo mais flexível que seus vizinhos, nunca chegando a impor um "lockdown" (bloqueio total) ou medidas mais severas de confinamento, a Suécia também está longe de permanecer em um caminho de normalidade, como propagandeou Bolsonaro, seja pelo alto número de mortes em comparação com vizinhos ou pela falsa noção de que pouco mudou na economia por causa da pandemia.

A Suécia chegou a determinar o fechamento de instalações esportivas, baniu aglomerações com mais de 50 pessoas e visitas a casas de repouso e fechou colégios e universidades. Uma boa parte da população também passou a trabalhar em casa. O governo ainda incentiva medidas de distanciamento social e restaurantes que descumpriram regras de distanciamento entre os clientes chegaram a ser frechados.

E mesmo com o comércio sujeito a menos restrições do que no restante da Europa, a previsão, segundo dados da União Europeia, é que a economia sueca encolha 6,1% neste ano.

JPS/afp/ap/dpa

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