Defesa
18 de maio de 2010O novo conceito estratégico da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) apresentado nesta segunda-feira (17/05) foi proposto por um grupo de 12 especialistas liderados pela ex-secretária de Estado dos Estados Unidos Madeleine Albright. O ponto central do documento, intitulado "Otan 2020", é um sistema próprio de defesa contra mísseis.
O último conceito estratégico da Otan data de 1999, ou seja, antes dos ataques de 11 de setembro de 2001. Agora é preciso se armar contra terroristas, ataques cibernéticos e agressões a importantes instalações de abastecimento, ressalta o projeto.
Escudo antimísseis
"No século 21, a aliança tem de ser mais ágil e flexível para afrontar o imprevisível", disse Albright na sede da Otan em Bruxelas. "Nós temos uma ameaça real. E precisamos de uma defesa real contra esta ameaça real", alertou Anders Fogh Rasmussen, secretário-geral da aliança. O perigo ao qual ele se refere é o Irã, país que é citado no relatório como uma ameaça por causa de seus mísseis.
O grupo de especialistas propõe que todos os países da Otan sejam cobertos por um sistema de defesa contra mísseis. O sistema antimísseis na Europa, impulsionado pelos Estados Unidos, se encontra agora "plenamente vinculado à Otan. A cooperação dentro da aliança e entre a Otan e outros parceiros, especialmente a Rússia, é altamente desejável", assinala o projeto.
Para que o escudo funcione, a Otan deve procurar também países que não fazem parte da aliança. "A defesa antimísseis é mais eficiente quando é uma iniciativa conjunta, por isto a cooperação entre os membros da aliança e entre a Otan e seus parceiros, especialmente a Rússia, é altamente desejável", explicou Madeleine Albright.
Além do escudo, a aliança pretende também manter suas armas. "Enquanto houver armas nucleares, a Otan tem de manter um arsenal atômico confiável", diz o projeto.
Rússia divide opiniões
Dentre os membros da Otan, há países do Leste Europeu que se sentem ameaçados pela Rússia e que reclamam que a aliança não leve esta ameaça a sério. Por isto, Albright reforça o dever de defesa mútua dos países-membros, não só com palavras, mas também com exercícios militares.
"A aliança tem a obrigação de garantir a segurança de seus membros. A Otan tem de manter uma mistura flexível de armas convencionais, atômicas e defesa antimísseis. Além disto, ela precisa ter sempre planos de emergência adequados e fazer manobras, de forma que os membros possam ter fé de que suas fronteiras estão de fato protegidas", afirmou a ex-secretária de Estado.
Atuação no mundo inteiro
O relatório cita especificamente a necessidade de enviar missões para além das fronteiras da Otan "sempre que necessário, para prevenir um ataque à área do acordo ou para proteger os direitos legais e outros interesses vitais dos membros da aliança".
Também está entre os objetivos traçados no texto "ajudar a moldar um ambiente de segurança internacional mais estável e pacífico", com ajuda militar e treinamento de policiais em área instáveis, como já acontece no Afeganistão e no Iraque. Apesar disso Rasmussen fez questão de ressaltar que "a Otan não tem a ambição de se tornar a polícia do mundo".
Nos próximos meses, o projeto será examinado e aperfeiçoado. Em 14 de outubro, os ministros de Relações Exteriores e da Defesa apreciarão a sugestão de texto, que será apresentada pelo secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, em setembro. O documento final será aprovado em novembro, quando os chefes de Estado e de governo dos 28 países que compõem a aliança se reunirão em Lisboa.
TM/dw/afp/lusa/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer