Eleições na Libéria
17 de outubro de 2011Os aliados da oposição na Libéria estão irritados. Desde as eleições presidenciais, em 11 de outubro, eles temem que seus votos tenham sido falsificados.
O dia das eleições correu de forma pacífica e justa no país de cerca de quatro milhões de habitantes, segundo avaliação de todos os observadores internacionais do pleito. A trapaça teria acontecido mais tarde – durante a contagem dos votos.
"Eu tenho fotos que comprovam que autoridades eleitorais romperam o lacre", acusa Mulbah Morlu.
Sem maioria absoluta
Mulbah Morlu faz parte do conselho do maior partido de oposição na Libéria, o Congresso para a Mudança Democrática. Desde domingo, ele trabalha com os sete partidos restantes da oposição, que se uniram depois da suposta manipulação.
De qualquer maneira, está fora de questão pedir a recontagem de votos, já que os resultados preliminares são bons, especialmente para o Congresso para a Mudança Democrática. Embora nem todos os distritos tenham sido apurados, o Partido da Unidade, da atual presidente, tem 44% dos votos, segundo as primeiras projeções, enquanto o Congresso para a Mudança Democrática tem 32,2%.
Assim, o candidato Winston Tubman prepara-se para o segundo turno. "Agora nós somos um grupo grande e podemos representar a oposição muito melhor", celebra.
Tubman não inspira eleitores
Ainda que concorra como principal candidato, Tubman não é considerado alguém capaz de mover as massas. Durante a campanha eleitoral, ele muitas vezes se portou de forma tranquila demais, além de dar mais espaço ao candidato à vice-presidência, George Weah.
Weah, ex-jogador de futebol de fama internacional e perdedor nas eleições presidenciais de 2005, faz sucesso principalmente entre os jovens eleitores.
No entanto, para muitos, Tubman tem uma vantagem: ele nunca apoiou nenhuma das facções da guerra civil que se alastrou por seu país durante 14 anos. Em vez disso, ele trabalhou durante 20 anos nas Nações Unidas e passou a maior parte do tempo fora da Libéria.
Laços com a guerra
É justamente a discussão sobre a guerra civil que pode enfraquecer a presidente Ellen Johnson-Sirleaf. Seus oponentes não se cansam de mencionar suas ligações com o ex-líder da guerra Charles Taylor. Ele a teria apoiado financeiramente durante anos.
Mesmo Prince Johnson, que ficou com o terceiro lugar na votação e está eliminado do segundo turno, põe o dedo na ferida. Para ele, é uma ironia que Johnson-Sirleaf tenha recebido, há poucos dias, o Prêmio Nobel da Paz. "Ela é uma grande fomentadora da guerra", brada Johnson. O prêmio teria sido concedido por motivos políticos, argumenta, pois segundo ele a comunidade internacional estaria torcendo pela reeleição da presidente.
O segundo turno das eleições na Libéria está marcado para o dia 8 de novembro. Prince Johnson também se prepara para esse dia. Ele próprio foi um senhor da guerra e ganhou notoriedade duvidosa há 21 anos ao cortar ambas as orelhas do ex-presidente liberiano Samuel Doe em frente às câmeras.
Hoje, seu partido chama-se União Nacional pelo Processo Democrático, o qual, entretanto, não pertence à coalizão oposicionista de Tubman. "Agora eu sou um fazedor de reis", debocha, referindo-se ao fato de poder decidir a qual dos dois candidatos dará seu apoio.
Autora: Katrin Gänsler (ff)
Revisão: Roselaine Wandscheer