Negócio da China
11 de março de 2003Não foi só a partir da decisão de construir o Transrapid, o trem superveloz de suspensão magnética, que a Siemens se empolgou com a China, o mercado com as maiores chances de crescimento no mundo. A Siemens teve um grande aumento de vendas de sistemas de transporte, telecomunicações e usinas no ano passado, que somaram 3,2 bilhões de euros.
Seu presidente, Heinrich von Pierer, mostrou-se eufórico com as perspectivas: "O que me causa grande satisfação na Ásia é o clima de iniciativas, de construção e o entusiasmo das pessoas", disse Pierer recentemente, não deixando de acrescentar as boas chances para o grupo alemão com sede em Munique.
A aposta no futebol
Para quem quer tornar conhecida sua marca, especialmente tratando-se de bens de consumo, nada melhor do que apostar no esporte das multidões, observa o diário econômico alemão Handelsblatt em artigo sobre o gigante asiático e a Siemens. O que o grupo alemão fez foi seguir o exemplo da Philips, que patrocinou o campeonato chinês de futebol de 1995 a 2000 e tornou-se assim a terceira maior marca estrangeira do segmento de eletrônicos na China.
Desde o início de fevereiro, a Siemens Mobile, divisão de telefonia móvel do grupo, está patrocinando a seleção chinesa. Não contentes com isso, os alemães também se tornaram o principal patrocinador do campeonato chinês que até foi rebatizado de Siemens Mobile Football League. Através de contrato por um ano assinado com a Federação Chinesa de Futebol na semana passada, a Siemens garantiu o direito de fazer publicidade em todos os estádios e durante as transmissões de tevê. Calcula-se que esse contrato custou bem menos do que os 12 milhões de euros que a Siemens Mobile teria pago para ter seu nome nos uniformes do Real Madrid.
Interesses econômicos e sinergias
O objetivo da empresa alemã é claro: com ajuda do futebol aumentar sua fatia no mercado de celulares na China, o maior do mundo com seus 200 milhões de usuários. Sua divisão de telefonia móvel tem 3 mil funcionários em 17 cidades chinesas. A fábrica de celulares em Xangai ampliou, no ano passado, sua capacidade para 15 milhões de unidades, segundo o Handelsblatt.
A empresa aposta em sinergias também no patrocínio de futebol, pois o Real Madrid jogará em agosto na China, o que garantirá atenção da mídia. Consta que o presidente da Siemens já teria perguntado se o Bayern de Munique não gostaria de jogar lá. A Siemens é co-patrocinadora do Bayern e o clube alemão já está na onda asiática. Também interessada em aumentar suas vendas no gigante asiático, a Adidas, sócia do clube-empresa Bayern S/A, já acertou duas partidas do time na China após a atual temporada.
Durante a Copa do Mundo de 2002, os chineses somaram um quinto do total de telespectadores. Somente o jogo contra o Brasil foi assistido por 780 milhões de chineses. A tevê estatal transmite, através de nove canais, 15 horas diárias de futebol. Para o setor de marketing também interessam outros grandes eventos, como o torneio de tênis em Xangai, a inclusão de Xangai no circuito da Fórmula-1 a partir de 2004 e, sobretudo, a Olimpíada em Pequim, em 2008.