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Nações do G7 querem unir esforços para vacinar o mundo

11 de junho de 2021

Em cúpula na Inglaterra, líderes devem se comprometer a doar ao menos 1 bilhão de doses de imunizantes contra o coronavírus a países mais pobres. Recuperação econômica pós-pandemia e meio ambiente também estão na pauta.

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Líderes do G7 posam para foto
Líderes do G7 durante cúpula no sudoeste da InglaterraFoto: Patrick Semansky/AP/picture alliance

Líderes mundiais do G7, grupo das sete nações mais industrializadas do planeta, devem se comprometer em seu encontro de cúpula a doar ao menos 1 bilhão de doses de vacinas contra o coronavírus a países mais pobres – metade das doses virá dos Estados Unidos e 100 milhões, do Reino Unido.

As promessas de doação de vacinas divulgadas nesta semana pelo presidente americano, Joe Biden, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, serviram de prévia para o encontro do G7 na Inglaterra, iniciado nesta sexta-feira (10/06).

Algumas horas após Biden prometer uma medida enérgica na batalha contra o novo coronavírus, com uma doação de 500 milhões de doses da Pfizer – cifra não inclui os 80 milhões de doses que Washington já se comprometeu a doar a outras nações até o final deste mês –, Johnson afirmou que o Reino Unido doará pelo menos 100 milhões de imunizantes excedentes aos países mais pobres. 

O premiê britânico pediu que os líderes do G7 se comprometam com a vacinação do mundo todo até o fim de 2022, e o grupo deve prometer 1 bilhão de doses durante a cúpula de três dias no retiro litorâneo de Carbis Bay, no sudoeste da Inglaterra.

"Chegou a hora de as democracias mais importantes e tecnologicamente mais avançadas assumirem suas responsabilidades e vacinarem o mundo. Porque ninguém está protegido enquanto todos não estiverem protegidos", disse Johnson.

"Gota no oceano"

Alguns grupos criticaram o plano, classificando-o como uma gota em um oceano, e a Oxfam estima que quase 4 bilhões de pessoas vão depender do consórcio Covax para ter acesso às vacinas. O programa distribui doses de vacinas contra a covid-19 para países de média e baixa renda.

Para algumas ONGs, o G7 deveria aprovar a suspensão das patentes de imunizantes para permitir a sua produção em massa – uma proposta apoiada pela França e pelos Estados Unidos, mas à qual a Alemanha se opõe fortemente.

"Com a atual taxa de vacinação, os países de baixa renda levariam 57 anos para alcançar o mesmo nível de proteção que os países do G7. Isso é moralmente inaceitável, mas também contraproducente", enfatizou a Oxfam.

"Vamos ajudar a tirar o mundo desta pandemia trabalhando junto de nossos parceiros globais'', disse Biden, acrescentando que as nações do G7 se juntariam aos EUA para detalhar seus compromissos de doação de vacinas durante a cúpula.

O G7 também inclui o Canadá, França, Alemanha, Itália e Japão. Os líderes do grupo têm enfrentado uma pressão crescente para definir seu planos globais de doação de vacinas, especialmente em uma época em que desigualdades no fornecimento em todo o mundo tornaram-se mais pronunciadas. Nos EUA, existe um grande estoque de vacinas, e a demanda por doses caiu radicalmente nas últimas semanas.

Esforço coordenado

Biden previu um esforço coordenado das economias avançadas para tornar a vacinação ampla e rapidamente disponível em todos os lugares. Johnson, por sua vez, disse que os primeiros 5 milhões de doses do Reino Unido serão doados nas próximas semanas, e o restante, ao longo do próximo ano.

"Na cúpula do G7, espero que meus colegas líderes façam promessas semelhantes para que, juntos, possamos vacinar o mundo até o final do próximo ano", disse o premiê britânico.

O presidente francês, Emmanuel Macron, saudou a promessa dos EUA e disse que a Europa deve fazer o mesmo. Ele afirmou que a França irá doar globalmente pelo menos 30 milhões de doses até o final do ano. "A União Europeia precisa ter pelo menos o mesmo nível de ambição que os Estados Unidos'', ressaltou durante entrevista coletiva.

Ele acrescentou que o tempo é essencial. "É quase mais importante dizer quantas [doses] entregaremos no próximo mês do que fazer promessas a serem cumpridas daqui a 18 meses."

A promessa de doação dos EUA é comprar e doar 500 milhões de doses da vacina da Pfizer para distribuição por meio da aliança global Covax para 92 nações pobres e a União Africana, levando o primeiro fornecimento estável de vacina de mRNA para os países que mais precisam.

Biden disse que 500 milhões de doses de vacinas fabricadas nos EUA serão embarcados a partir de agosto, com meta de distribuição de 200 milhões até o final do ano. Os restantes 300 milhões de doses seriam enviados no primeiro semestre de 2022. O preço das doses não foi divulgado, mas os EUA agora estão para se tornar o maior doador de vacinas da Covax, além de seu maior financiador com promessa de 4 bilhões de dólares.

Início lento 

A bem financiada aliança global enfrentou um início lento em sua campanha de vacinação, já que as nações mais ricas bloquearam bilhões de doses por meio de contratos diretos com fabricantes de medicamentos.

Presidente americano Joe Biden e premiê britânico Boris Johnson
Biden (à esquerda) prometeu doar 500 milhões de doses de vacina, e Johnson, 100 milhõesFoto: Toby Melville/REUTERS

A iniciativa de Biden, segundo as autoridades americanas, teve como objetivo garantir que uma quantidade substancial de capacidade de produção permaneça aberta às nações ricas. No mês passado, a Comissão Europeia assinou um acordo de compra de cerca de 1,8 bilhão de doses da Pfizer nos próximos dois anos, parcela significativa da próxima produção da empresa – embora o bloco tenha reservado o direito de doar algumas de suas doses para o consórcio Covax.

O Covax distribuiu apenas 81 milhões de doses globalmente, e partes do mundo, especialmente na África, continuam sendo um deserto de vacinas.

Funcionários da Casa Branca disseram que o programa de distribuição acelerado se encaixa num tema que Biden planeja abordar com frequência durante sua semana na Europa: que as democracias ocidentais, e não os Estados autoritários, podem entregar o melhor para o mundo.

Mudanças climáticas

No centro das conversas da cúpula do G7, estará também a recuperação de uma economia mundial paralisada pela pandemia.

O combate às mudanças climáticas deve ser outra prioridade da cúpula, que promete ser neutra em carbono, antes da grande conferência climática da ONU, a COP26, marcada para novembro na Escócia.

Johnson quer um "Plano Marshall" – referência ao maciço financiamento dos EUA para reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial – para ajudar os países em desenvolvimento a descarbonizarem suas economias, de acordo com o jornal britânico The Times.

Em maio, os ministros do Meio Ambiente do G7 se comprometeram a encerrar a ajuda pública às usinas movidas a carvão ainda neste ano, prometendo "esforços ambiciosos e acelerados" para reduzir suas emissões de CO2. Mas os ambientalistas, que planejam se manifestar em torno da cúpula, reclamam que as promessas são "vagas".

Na véspera do encontro, Johnson e Biden mostraram uma frente comum sobre a emergência climática, aprovando uma nova "Carta do Atlântico" que também enfatiza a necessidade de lidar com ataques cibernéticos.

Mas se os dois grandes aliados estão antenados em grandes questões internacionais, como os desafios da China ou da Rússia, as tensões persistem sobre a Irlanda do Norte, centro de uma disputa pós-Brexit entre Londres e a União Europeia.

Biden, de ascendência irlandesa, reiterou seu apoio aos compromissos comerciais firmados entre as duas partes, que considera uma garantia de paz na província britânica. De acordo com a polícia local, cerca de 3 mil pessoas protestaram em Belfast na noite de quinta-feira contra as novas decisões pós-Brexit.

md/ek (AP, AFP, Reuters, ebc)