Museu Marítimo Internacional
3 de julho de 2008Nada mais justo que Hamburgo, também chamada "portão da Alemanha para o mundo", devido a sua importância portuária, sediar um museu marítimo internacional. O patrono do novo museu é Peter Tamm, de 80 anos, ex-presidente do conglomerado Axel Springer. A maior parte do acervo, que conta a história de 3 mil anos de navegação marítima, é propriedade privada.
"A água é o elixir da vida. O fato de a Terra ser como é, nós devemos à água. Oitenta por cento do planeta é composto por água, e se quisermos ir de um continente a outro precisamos de um barco", ressalta Tamm, ao explicar sua fascinação por navios.
Sua paixão pela navegação marítima começou muito cedo. Já seus ancestrais eram navegadores. O primeiro objeto de sua coleção foi um pequeno modelo de cargueiro, que ganhou da mãe quando tinha seis anos de idade.
Com o passar do tempo, Tamm acumulou 36 mil miniaturas de navios, 5 mil pinturas, gravuras e mapas, 500 mil fotos, 120 mil livros, instrumentos de astronavegação e outros objetos originais, como cardápios de bordo, decorações, uniformes e inclusive um submarino para duas pessoas e cartas do almirante inglês Horatio Nelson. Para abrigar o acervo, teve de alugar um antigo hotel.
De Colombo ao Nordeste brasileiro
As peças mais antigas têm mais de 4 mil anos de idade. Seu valor é calculado em mais de 100 milhões de euros. Outra peça de destaque é uma miniatura em ouro do navio Santa Maria, de Cristóvão Colombo, usado no descobrimento da América. O Brasil também está presente no museu, seja através da história do Tratado de Tordesilhas, seja na miniatura de uma jangada.
O sonho de Tamm de construir um museu tomou contornos em 2004, quando a administração de Hamburgo concedeu 30 milhões de euros à fundação Tamm e permitiu o uso gratuito, por 99 anos, de um dos prédios históricos do cais do porto. O armazém, antigamente usado como depósito de café e chá, foi completamente restaurado e cada um dos 10 andares tornou-se um mundo temático.
Do descobrimento do mundo: navegação e comunicação, que é o tema do primeiro andar, o visitante chega à seção de caravelas e veleiros, no segundo pavimento. Até atingir o topo do prédio, aprende-se sobre a construção de navios, rotinas militares a bordo, a importância da Marinha em tempos de guerra e paz, e a pesquisa nas profundezas dos oceanos.
Um andar especial foi reservado a objetos de arte e 36 mil modelos de navios, entre os quais o Santa Maria, com 25 cm de comprimento e 35 cm de altura. "O importante para a forma de apresentação do museu é contar histórias", disse o responsável pela disposição das peças e organização do museu, Holger von Neuhoff.
"Nossa intenção foi encontrar o equilíbrio exato e a linguagem adequada para atingir todas as gerações e não um público-alvo específico", complementa.