Arte publicitária
7 de dezembro de 2009O cartaz é fruto da produção industrial do século 19. Ele tem que despertar os desejos de consumo do comprador em potencial e informar sobre novos artigos.
Enquanto os primeiros artistas do cartaz do período anterior a 1900 sonham com uma galeria a céu aberto e têm esperança de, através dessa maneira, alcançar um público mais amplo para os seus trabalhos artísticos do que em um ateliê privado, a partir de 1905 essa euforia inicial dá lugar rapidamente a uma avaliação mais realista.
Os aspectos econômicos ditados por quem os encomenda vão se tornando mais importantes do que os valores estéticos do autor do trabalho. A propaganda vira objeto de estudos científicos e psicológicos. E é criada, assim, a profissão do gráfico de publicidade.
Uma das mais importantes em seu gênero na Alemanha
A exibição "Plakativ!" do Museu Nacional Germânico de Nurembergue, o maior museu histórico-cultural da Alemanha, mostra até abril de 2010 quase 400 peças que traçam um panorama do desenvolvimento da arte do anúncio. Desde o final do século 19 até os anos 1970.
A mostra traz a público, pela primeira vez, a Coleção de Cartazes de Nurembergue, uma das mais importantes em seu gênero na Alemanha. Formada por cerca de 10 mil obras, ela foi doada ao museu em 2002, em regime de empréstimo permanente, pela Sociedade para Pesquisa de Consumo (GfK, na sigla em alemão) e pela Academia de Marketing de Nurembergue.
Dividida em setores como moda, turismo, higiene e estilo de vida, os pôsteres de diversos formatos foram pendurados em andaimes de metal como se estivessem em um tipo de mercado imaginário. As obras informam sobre estereótipos recorrentes da propaganda, analisam imagens, poses ou diversas promessas de cura.
Como, por exemplo, o cartaz Familienglück (felicidade familiar), de 1885, o mais antigo da exposição. Ele mostra como uma dona-de-casa trabalha sobre um grande pano branco em uma máquina de costura Pfaff, trajando um vestido esvoaçante.
Análise dos hábitos de consumo
A exibição também traz artistas de renome, como o mestre da art noveau tcheco Alfons Mucha, com uma propaganda de cigarros. A principal atração dos trabalhos, produzidos em técnicas distintas, como litografia, offset ou silkscreen, que a seu tempo foram colados em colunas, muros ou grandes outdoors, são os produtos que anunciam.
O mundo do supermercado recebeu destaque especial na exposição. Produtos como sopas Maggi ou sabão em pó da marca Persil são analisados acuradamente. Interessante, por exemplo, é que os cubos de margarina da marca Rama, tidos antigamente como alimentação de classes pobres, adquiriram outra imagem através dos pôsteres de propaganda.
Após diversas campanhas, passaram a ser aceitos por outras classes de consumidores. Propagandas de Coca-Cola também não podem faltar, assim como anúncios de roupas íntimas, aparelhos de rádio ou automóveis.
Trabalhos enfocando produtos para cuidados com o corpo e higiene pessoal compõem uma grande parcela da exposição. Cremes de beleza tentam seduzir as compradoras prometendo beleza eterna, sonhos para serem realizados pelos mais diversos tipos de cosméticos.
Os cartazes refletem não somente as características dos produtos que divulgam, mas também são espelhos de suas épocas.
Autor: Thomas Senne (md)
Revisão: Roselaine Wandscheer