Moda na RDA
9 de julho de 2009A moda oficial na antiga República Democrática Alemã (RDA), a que os cidadãos comuns encontravam nas lojas e podiam comprar, era desenhada de acordo com as diretivas do Partido Socialista Unitário da Alemanha (SED), o partido único da extinta Alemanha Oriental. Ela era produzida a baixos custos e tinha um visual padrão, o que, para muitos jovens, já era motivo para não usá-la.
Algumas marcas alternativas, como a chic, charmant und dauerhaft (ccd) [chique, charmosa e duradoura] protestavam contra a política estética oficial ao costurar as próprias roupas. A partir daí, surgiam peças excêntricas e únicas, que muitas vezes só podiam ser encontradas ilegalmente, nos fundos de prédios mal conservados.
Para criar um estilo individual e sensual, era comum experimentar com combinações alternativas, como lonas usadas em plantações de morangos ou "membrana de cabra", um tipo de camurça relativamente acessível na RDA, mas também com fraldas e cortinas de banho.
Moda era política
A moda na RDA era um statement, significava um posicionamento e nunca foi livre de um cunho político. Quem costurava suas próprias roupas, reconquistava assim sua própria individualidade, comentando de forma extremamente sutil a realidade na então Alemanha Oriental.
A moda alternativa era dominada por mulheres, o que contrariava a imagem de emancipação que a Alemanha Oriental vendia para o exterior, alegando que lá as mulheres tinham os mesmos direitos que os homens. Mas a verdade era outra. Só mesmo a moda underground, no final das contas, implementava aquilo que os camaradas do partido fingiam, sem nunca cumprir.
Tanto a moda underground quanto a moda mainstream da RDA são temas da exposição In Grenzen frei (Livre com limites), que está em cartaz no Museu de Artes Aplicadas de Berlim até 13 de setembro. A mostra apresenta, pela primeira vez, um panorama pessoal da cena alternativa da moda na antiga Alemanha Oriental, relembrando fotógrafos excepcionais e apresentando criações que até hoje poderiam causar frisson na vanguarda da moda.
Clima familiar
Além de 150 imagens de fotógrafos importantes da RDA, estão expostos modelos originais de lojas de luxo, como a Exquisit, onde uma calça chegava a custar 1.100 marcos alemães-orientais, o que correspondia aproximadamente ao salário de um médico-chefe.
Essas roupas de luxo, que também fugiam ao visual padrão imposto pelo partido, eram exibidas em revistas como Sibylle, espécie de Vogue da Alemanha Oriental. Muitos fotógrafos renomados trabalhavam aí, embora também acompanhassem a cena alternativa.
As modelos na RDA compunham uma grande família. Elas eram todas amadoras, se conheciam pessoalmente e não concorriam umas com as outras. Por shooting, ganhavam cerca de 50 marcos alemães-orientais. No entanto, muitas passaram a desfilar nas passarelas de grandes marcas, o que prova que tinham grande profissionalismo.
Autor: Christoph Richter
Revisão: Roselaine Wandscheer