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Saúde em crise

25 de agosto de 2010

A contaminação de três recém-nascidos que acabaram morrendo no Hospital Universitário de Mainz gerou debate sobre a necessidade de unificar o controle de higiene no sistema hospitalar dos diferentes estados alemães.

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Apenas cinco estados alemães prescrevem normas de higiene para os hospitaisFoto: picture-alliance/ ZB

Foi por negligência dos padrões de higiene ou por um incidente inevitável, que três recém-nascidos morreram no Hospital Universitário de Mainz, após a ingestão de um preparado alimentar contaminado?

Karl Lauterbach, especialista em saúde do Partido Social Democrata (SPD), não tem dúvida: os padrões de higiene dos hospitais e dos estados alemães deixam a desejar, denunciou o político na edição desta quarta-feira (25/08) do diário Kölner Stadt-Anzeiger.

O governo federal fracassou em suas tentativas de elevar esses padrões, enfrentando constantemente a resistência dos estados. "Ao que tudo indica, os primeiros cadáveres precisam vir à tona, para que alguns estados acordem e assumam suas responsabilidades", declarou Lauterbach com indignação.

Os três bebês nascidos prematuramente e afetados por graves doenças receberam uma infusão contaminada com bactérias. É provável que a contaminação tenha ocorrido enquanto a infusão estava sendo preparada na farmácia do hospital. Médicos legistas estão investigando o caso por determinação da Promotoria Pública de Mainz.

Reivindicam-se regras únicas para todo o país

A maioria dos estados alemães não dispõe de padrões de higiene obrigatórios para hospitais e clínicas, criticou Lauterbach. Em diversos estabelecimentos de saúde, as normas mais simples são desrespeitadas. É por isso que a bancada social-democrata no Bundestag, câmara baixa do Parlamento alemão, está reivindicando uma regulamentação unificada para todo o país.

Atualmente, cada um dos 16 estados alemães pode decidir se prescreve ou não normas de higiene para os hospitais. Por enquanto, essa decisão só foi tomada por Berlim, Bremen, Renânia do Norte-Vestfália, Sarre e Saxônia. O ministro alemão da Saúde, Philipp Rösler, quer discutir o problema com os secretários estaduais em breve.

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Clínica pediátrica do Hospital Universitário de MainzFoto: AP

A vice-líder da bancada liberal no Bundestag, Ulrike Flach, declarou que o legislativo tem que reagir urgentemente ao grave problema de higiene nos hospitais. A bancada liberal pretende lançar uma iniciativa em setembro, a fim de que o governo federal crie regras de vigência nacional nesse sentido.

Essa também é a posição do porta-voz da bancada democrata-cristã para assuntos de saúde, Jens Spahn. Os conservadores consideram altamente insatisfatório o fato de praticamente nada ter sido feito para sanar os déficits de higiene existentes nos hospitais há muito tempo.

Médicos são contra unificação das regras

O sindicato dos médicos Marburger Bund reclamou do que considera uma reação política exacerbada, rejeitando a criação de novos regulamentos para os hospitais. As atuais diretrizes de higiene, formuladas pelo Instituto Robert Koch de Berlim, não deixam margem para deficiências nesse sentido, assegurou o presidente do sindicato, Rudolf Henke, à imprensa alemã.

Henke afirma que os funcionários dos hospitais se tornaram cada vez mais cientes das questões de higiene nos últimos anos. Em vez de criar uma lei federal nesse sentido, as autoridades deveriam empregar mais pessoas para controlar os padrões já existentes, sugere Henke. Outra possibilidade seria nomear um encarregado de higiene para todos os grandes hospitais, na medida do possível.

O Conselho Federal de Medicina também exigiu mais especialistas nos hospitais. Para o vice-presidente da organização, Frank Ulrich Montgomery, seria útil empregar mais funcionários competentes em questões relativas à higiene nos grandes hospitais, que seriam encarregados de inspecionar os padrões de limpeza.

Hospitais com cofres vazios

Por outro lado, os hospitais se veem confrontados com a necessidade de economizar cada vez mais. "Por isso nosso apelo urgente aos políticos: 'Segurança custa dinheiro'", alertou o diretor da Sociedade Alemã de Hospitais, Georg Baum. As medidas de contenção de despesas previstas pelo governo federal só poderão ser implementadas por meio de uma pressão cada vez maior sobre os funcionários do setor hospitalar, advertiu Baum.

Para ele, não importa se houver uma legislação federal ou 16 regulamentações estaduais diferentes. Não seria problema algum obrigar os hospitais a empregar mais funcionários de higiene, mas os políticos têm que se conscientizar de que isso requereria mais verbas, advertiu Baum.

Com a reforma do sistema de saúde planejada para o próximo ano, o governo federal pretende economizar aproximadamente 500 milhões de euros nos grandes hospitais do país.

Autora: Eleonore Uhlich (sl)
Revisão: Soraia Vilela