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Morreu Stephan Heym, escritor, político e sobretudo, combatente

Assis Mendonça16 de dezembro de 2001

O escritor e político alemão Stephan Heym faleceu neste domingo (16) em Israel, onde participava de um congresso sobre a obra de Heinrich Heine.

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Stephan Heym foi uma das personalidades mais polêmicas da vida intelectual alemã na segunda metade do século XX. Embora comunista convicto, era persona non grata na RDA, a extinta Alemanha Oriental, pelas suas críticas e advertências morais aos donos do poder. Após a reunificação da Alemanha, ele se elegeu deputado sem ligação partidária com o apoio do PDS (Partido do Socialismo Democrático), sucessor do SED, o partido único da RDA. No Parlamento Federal alemão, o escritor Stephan Heym manteve as suas posições críticas e incômodas, fazendo furor como deputado.

Heym, cujo nome real era Helmut Flieg, nasceu em Chemnitz no dia 10 de abril de 1913, como filho de um negociante judeu. Em 1932, ele iniciou os estudos de filosofia, literatura alemã e jornalismo em Berlim, mas teve de fugir dos nazistas já um ano depois. Encontrou o seu primeiro refúgio em Praga, onde adotou o pseudônimo de Stephan Heym, para proteger a sua família de represálias nazistas. Em 1935, emigrou para os Estados Unidos, onde tornou-se redator-chefe de um semanário antifascista em Nova York.

O herói de guerra devolveu as condecorações

Seu primeiro romance Hostages foi publicado nos Estados Unidos, nesta época. Em 1944, ele participou da invasão da Normandia, como sargento do exército americano. Mas, logo após o final da guerra, foi transferido de volta para os Estados Unidos, em virtude das divergências políticas com seus superiores. Seu romance The Crusaders, publicado em 1948, tornou-se um bestseller mundial. As posições políticas de Stephan Heym lhe trouxeram profunda inimizade dos círculos anticomunistas norte-americanos. No início da década de 50, ele devolveu todas as condecorações militares ao governo americano e deixou os Estados Unidos, como protesto contra a guerra da Coréia.

Em 1952, ele estabeleceu residência em Berlim Oriental, onde passou a trabalhar como escritor e ensaísta. Suas posições incômodas geraram a crescente animosidade dos funcionários do SED, culminando com um processo e a proibição de publicar novas obras na Alemanha Oriental. Mesmo depois da reunificação alemã e da derrocada do bloco comunista no Leste europeu, Stephan Heym não perdeu as esperanças de que se pudesse construir "um socialismo melhor", caminho que sempre defendeu para a Alemanha.