Morre o último sobrevivente de Treblinka
21 de fevereiro de 2016Morreu na última sexta-feira (19/02), aos 93 anos, o israelense Samuel Willenberg, o último dos 67 prisioneiros que sobreviveram ao campo de extermínio de Treblinka, na Polônia ocupada pelos nazistas. A informação foi dada neste domingo pelo instituto Yad Vashem, que se dedica a preservar a memória das vítimas do Holocausto.
Nascido em Czestochowa, na Polônia, Willenberg tinha 19 anos quando foi enviado para o campo de extermínio, junto a todos os habitantes judeus da cidade de Opatow. Estima-se que, nos meses (entre julho de 1942 e outubro de 1943) em que Treblinka ficou em operação, cerca de 870 mil judeus tenham sido executados, no que é conhecido como o período em que mais se matou dentro da chamada Solução Final.
Apenas um seleto grupo de prisioneiros – em sua maioria jovens e saudáveis, como Willenberg – foi poupado da execução imediata, para que pudessem fazer trabalhos braçais para os nazistas.
Com outros 200 presos, Willenberg conseguiu escapar do campo e foi um dos instigadores da revolta em Treblinka, um dos poucos motins que foram realizados nos campos de extermínio durante a Segunda Guerra Mundial.
Durante a revolta, os prisioneiros queimaram uma parte do campo, antes de se precipitarem até as cercas elétricas sob os disparos dos nazistas, que mataram a maioria dos rebeldes. Samuel Willenberg, ferido na perna, conseguiu escapar.
"Uma multidão de prisioneiros tentou pular as cercas e escapar do campo. Eles foram alvos dos tiros disparados das torres de vigilância, a maioria foi atingida, morrendo na cerca ou na área próxima dela", escreveu o instituto Yad Vashem em seu site. "Dos cerca de 750 prisioneiros que tentaram escapar, aproximadamente 70 sobreviveram para ver a libertação do campo."
Willenberg contava que seus olhos azuis e sua aparência "não judaica" permitiram que ele sobrevivesse do lado de fora das cercas, passando despercebido por vilarejos poloneses até chegar a Varsóvia, onde aderiu à resistência.
Ao terminar a guerra, Willenberg serviu o Exército polonês. Em 1950, emigrou para Israel, onde trabalhou como funcionário no Ministério da Habitação. Ao se aposentar, ele passou a dedicar-se a fazer esculturas.
Suas obras estão relacionadas a seus traumas do Holocausto, como o assassinato de suas duas irmãs em Treblinka. Ele também escreveu um livro sobre a revolta no campo de extermínio. Uma de suas esculturas está exposta na residência oficial do presidente israelense em Jerusalém.
RPR/afp/dpa/ots