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Morre Lucía Hiriart, viúva do ex-ditador chileno Pinochet

17 de dezembro de 2021

Lucía tinha 99 anos e sofria de problemas respiratórios. Ao lado do marido, ela comandou, de 1973 a 1990, uma das ditaduras mais sangrentas da América Latina.

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Lucía conversa sorrindo com Pinochet. Ele veste uniforme militar e ela, blazer preto.
Foto: Cris Bouroncle/AFP

Lucía Hiriart, viúva do ex-ditador chileno Augusto Pinochet, morreu nesta quinta-feira (16/12), aos 99 anos, após meses sofrendo com problemas respiratórios.

"Está confirmada, não tenho mais nada a dizer", declarou à agência de notícias efe o ex-agente da Diretoria Nacional de Inteligência (DINA) Cristián Labbé, encarregado da segurança durante a ditadura militar de Pinochet, que durou de 1973 a 1990.

Há anos Lucía esteva afastada da vida pública devido à sua idade avançada e havia sido hospitalizada várias vezes nos últimos anos em razão de seu delicado estado de saúde. Ela morreu em sua casa, no leste de Santiago.

"Aos 99 anos e rodeada de familiares e entes queridos, minha amada avó faleceu. Ela deixa uma marca imensa no nosso coração", postou no Twitter uma das netas, Karina Pinochet.

"Ela deu sua vida ao serviço dos chilenos e a história saberá valorizar seu grande trabalho e seu trabalho pelo nosso amado país. Descanse em paz", completou.

Figura polêmica

Lucía é uma das figuras mais marcantes do país. Junto com Pinochet, comandou uma das ditaduras mais sangrentas da América Latina, que deixou pelo menos 40 mil vítimas e mais de 3 mil pessoas assassinadas ou desaparecidas nas mãos de agentes.

Em biografia da jornalista Alejandra Matus, Lucía é retratada como uma personagem durona, que costumava criticar o marido.

"Não havia Pinochet sem Lucía Hiriart, ela foi sua criadora, disse Matus, autora da biografia não autorizada Doña Lucía

Ela despertou fortes reações entre os chilenos pela influência percebida que tinha sobre Pinochet e pela fortuna acumulado por sua família durante a ditadura. Ela gerenciou uma fundação, que foi submetida a várias investigações judiciais.

Celebração nas ruas

Logo após a notícia, buzinas começaram a ser ouvidas em alguns bairros da capital chilena e centenas de pessoas começaram a se aglomerar na Praça Itália, epicentro da grave agitação civil iniciada em outubro de 2019, para celebrar a notícia.

Lucía e Pinochet foram casados de 1943 a 2006, quando morreu o ex-ditador. Eles tiveram cinco filhos: Augusto Osvaldo, María Verónica, Inés Lucía, Jacqueline Marie e Marco Antonio.

A morte de Lucía acontece a três dias do Chile realizar o segundo turno de suas eleições presidenciais mais incertas e importantes desde o fim da ditadura, com dois candidatos antagônicos enfrentando-se nas urnas: o advogado ultradireitista José Antonio Kast, admirador de Pinochet, e o deputado de esquerda Gabriel Boric.

le (efe, afp, reuters, ots)