Eficiência energética
2 de maio de 2010Parte de contêineres, paredes brancas com vãos livres, vidraças e uma superfície difícil de ser identificada a longa distância. Assim é descrito o objeto exposto em pleno Parque Ibirapuera, em São Paulo.
A construção é, na verdade, um protótipo de casa que convida os transeuntes do parque a conhecer um conceito de moradia que combina energias renováveis e eficiência energética. Batizada como "Casa Alemã", o espaço foi elaborado com tecnologias desenvolvidas naquele país e traz soluções que poderão ser aplicadas na construção civil brasileira.
Apesar de São Paulo não ser exatamente conhecida por positivos aspectos ambientais – é cortada por dois rios com trechos poluídos e mal cheirosos e concentra um dos trânsitos mais pesados do mundo, o que prejudica a qualidade do ar – a cidade foi escolhida para abrir o roadshow que passará por outras 12 cidades na América Latina.
“Inegavelmente, São Paulo é a maior cidade na América do Sul em termos de avanço tecnológico e preocupação ambiental. Tenho certeza de que São Paulo é a cidade que tem o nível de conscientização mais alto”, justifica Ricardo Ernest Rose, diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Câmara de Comércio Brasil-Alemanha.
A casa ideal
O projeto desenvolvido pela Universidade Técnica de Darmastadt foi vencedor do Solar Decathlon, promovido pelo governo dos Estados Unidos – concurso que reconhece melhores ideias de casas, que só usam o sol como fonte energética. E veio parar na América Latina por iniciativa do ministério alemão da Economia e apoio da Câmara de Comércio Brasil-Alemanha.
Além dos painéis fotovoltaicos – superfície difícil de ser reconhecida de longe, por ser ainda pouco utilizada no Brasil – a casa traz soluções arquitetônicas e técnicas que permitem o uso eficiente e econômico de energia.
Uma das características mais atraentes da construção: ela gera mais energia do que consome e o excesso é armazenado em baterias. O isolamento das paredes e janelas também ajuda a manter a temperatura interna agradável, além de um sistema de ventilação inteligente.
Seria possível?
“Não é uma coisa para você copiar exatamente. O que fica claro é o seguinte: precisamos absorver mais o conceito de utilização dos recursos naturais, de espaços onde se penetre mais ar e mais luz, por exemplo. (...) A fotovoltaica está começando ainda no Brasil, ainda não temos fabricantes, mas deveremos ter em breve”, analisa Ricardo Ernest Rose, lembrando que o Brasil, México e Argentina são os maiores mercados ambientais no continente.
O secretário de Habitação do estado de São Paulo, Lair Alberto Krähenbühl, adianta a novidade: “Tudo o que você vê aqui a gente tem condição de fabricar no Brasil. Fui procurado por dois empresários, que querem arrumar uma área de 50 mil metros para montar uma fábrica de células fotovoltaicas e aquecedores solares. Acho que teremos oportunidade de trazer muita coisa para cá a médio prazo.”
Krähenbühl lembra que algumas iniciativas estaduais já estimulam o uso racional de fontes renováveis, como a instalação de aquecedores solares em casas populares construídas pelo governo.
“Evidentemente você não pode importar uma casa como essa, não compensa. Mas de uma coisa você pode ter certeza: nós seremos eles amanhã”, diz o secretário, que vê com otimismo o Brasil, no futuro, como difusor de tecnologias como as já usadas na Alemanha.
Autora: Nádia Pontes
Revisão: Soraia Vilela