Mitsubishi admite fraude em testes de consumo de combustível
20 de abril de 2016A fabricante japonesa de automóveis Mitsubishi Motors admitiu, nesta quarta-feira (20/04), ter manipulado testes de consumo de combustível em cerca de 625 mil veículos, a maioria dos quais fabricados para a também nipônica Nissan.
Os testes manipulados envolvem cerca de 157 mil veículos da linha eK, da Mitsubishi, e outros 468 mil da linha Dayz, da Nissan. Os modelos são os chamados minicarros, cujo principal atrativo é justamente a grande economia de combustível. Eles foram produzidos depois de março de 2013.
"Nosso cliente Nissan descobriu diferenças entre os valores fornecidos e os encontrados e nos pediu para revisar os valores", afirmou a Mitsubishi em comunicado, acrescentando que decidiu interromper a produção e as vendas dos modelos afetados.
"Descobrimos que, em relação aos dados de testes de consumo de combustível, a empresa realizou testes indevidamente a fim de apresentar melhores taxas de consumo de combustível do que as reais", disse o presidente da Mitsubishi, Tetsuro Aikawa, em entrevista no Ministério dos Transportes japonês. Aikawa e outros executivos da empresa se inclinaram perante os repórteres para pedir desculpas.
A economia de combustível foi "melhorada" em cerca de 5% ou até 10% nos modelos afetados, que deveriam fazer 30,4 quilômetros com um litro de combustível.
O anúncio surge quando a indústria automobilística tem sido sujeita a fiscalizações mais rigorosas, depois de a montadora alemã Volkswagen reconhecer que fraudou testes de emissões de poluentes em veículos a diesel.
As ações da Mitsubishi caíram mais de 15% na bolsa de Tóquio, após a empresa convocar uma entrevista para explicar irregularidades. É a maior queda desde julho de 2004. "Pedimos as maiores desculpas a todos os nossos clientes e outras partes afetadas", declarou Aikawa.
A sexta maior montadora do Japão, conhecida pelos seus modelos Outlander 4x4 e Pajero, fabrica cerca de 1 milhão de veículos por ano. "A fim de realizar uma investigação objetiva e cuidadosa, pretendemos criar um comitê constituído apenas por peritos externos. Iremos publicar os resultados de nossa investigação assim que ela estiver concluída", garantiu Aikawa.
O caso lembra o escândalo que abalou a Volkswagen nos últimos meses, depois que a montadora alemã admitiu ter instalado em 11 milhões de carros um software capaz de falsificar os valores das emissões de gases poluentes dos motores a diesel.
Em 2014, as montadoras sul-coreanas Hyundai e Kia concordaram em pagar 350 milhões de dólares em multas ao governo dos Estados Unidos por vender carros sob propaganda falsa e enganar consumidores. As montadoras garantiam uma eficiência de combustível de seus veículos que, na prática, não era alcançada.
PV/abr/afp/dpa/rtr