Ministro quer que exportações compensem queda do consumo
16 de julho de 2002O ministro alemão da Economia, Werner Müller, pretende dar impulso à conjuntura, lançando uma nova ofensiva para fomentar as exportações alemãs, se o governo encabeçado pelo chanceler federal Gerhard Schröder conseguir sair vitorioso das urnas em 22 de setembro. Apostar nas exportações e na globalização é a sua receita para fazer frente à queda da demanda interna e do consumo, conforme indicou, ao apresentar nesta terça-feira (16), em Berlim, o Relatório Econômico 2002.
O fator demográfico
- "O consumo privado deixou de ser a força propulsora do crescimento econômico, devido à diminuição e ao envelhecimento da população", constatou o único ministro sem partido no gabinete social-democrata e verde de Schröder, para depois concluir: "Por isso as exportações terão que assumir, com mais força do que até agora, o papel de locomotiva do crescimento". A Alemanha deve às exportações aproximadamente um terço do seu Produto Interno Bruto (PIB). No contexto da globalização, o ministro defendeu a eliminação das barreiras que impedem o acesso dos países em vias de desenvolvimento aos mercados.Müller saudou a valorização do euro frente ao dólar, dizendo não esperar conseqüências negativas para as exportações alemãs. Considerada por políticos e analistas abaixo de seu valor, a moeda dos 12 países da zona do euro atingiu a paridade com o dólar na segunda-feira (15).
Previsão otimista?
- A fim de criar cerca de dois milhões de novos empregos e fazer com que o número de desempregados caia abaixo de três milhões, a Alemanha precisa de um crescimento econômico de 2,5% por ano, que é a expectativa do governo para 2003. No tocante ao consumo privado, Berlim conta com uma taxa anual de 1,5%. Werner Müller discorda do último prognóstico do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica, que reduziu para 2,0% sua previsão de crescimento econômico em 2003. Ao contrário do ministro, o renomado instituto conta com reflexos da valorização do euro sobre as exportações.A nova "ofensiva do comércio exterior" inclui um fomento especial às empresas de porte médio, para que possam aproveitar suas chances no mercado mundial. Se for por Werner Müller, o novo foco será o Oriente Médio e os países do Norte da África, mercados cujo potencial não foi devidamente explorado pelos alemães. Neste contexto, será ampliado o volume dos "seguros Hermes", que oferecem garantias estatais às empresas alemãs por eventuais perdas com exportações.
Críticas - A oposição criticou a visão do ministro. O relatório contém muitos lugares-comuns e "truques de estatística", segundo Matthias Wissmann, porta-voz da bancada dos partidos coligados União Democrata-Cristã (CDU) e União Social-Cristã (CSU). Para a presidente da CDU, Angela Merkel, o documento não contém nada de concreto, sendo um "pálido balanço de despedida do governo". Para Rainer Brüderle, do Partido Liberal, Müller "promete o que não terá mais de cumprir".
Globalização e barreiras comerciais
- Falando sobre as chances da globalização, Müller disse que as objeções dos países em desenvolvimento se devem ao fato de que a prosperidade das últimas décadas não atingiu a maioria da população. Isso, porém, não seria uma conseqüência da integração nos mercados mundiais. Pelo contrário: a causa seria a incapacidade de integrar-se, devido a guerras civis, elites corruptas e má gestão política.Segundo Müller, a iniciativa de encarar os problemas e as reformas necessárias terá que partir dos próprios países em desenvolvimento. A contribuição dos industrializados seria acabar com as barreiras comerciais - altas taxas alfandegárias, cotas de exportação/importação e subvenções - especialmente no setor agropecuário. Os países europeus se beneficiariam com isso, ao não ter que financiar as altas subvenções, além de contar com produtos agropecuários mais baratos.