Ministro do STF homologa delação de Delcídio
15 de março de 2016O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato, homologou o acordo de delação premiada do senador Delcídio Amaral nesta terça-feira (15/03). Zavascki também determinou a retirada do sigilo do processo, segundo a assessoria de comunicação do STF.
Em seus depoimentos, o senador fez menções à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Delcídio também citou ministros, ex-ministros, integrantes do PMDB no Senado e o senador Aécio Neves, presidente do PSDB. As informações fornecidas na delação devem agora ser analisadas por investigadores.
Parte das declarações de Delcídio haviam sido adiantadas no início deste mês pela revista IstoÉ. A publicação teve acesso a documentos segundo os quais Dilma e Lula "sabiam" da corrupção da Petrobras e tentaram "manipular" a Justiça para obstruir a investigação.
Na delação à força-tarefa da Lava Jato, o senador teria dito que Lula mandou comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e outras testemunhas. E que Dilma, junto ao ex-ministro da Justiça e agora ministro da Advocacia Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, teria tentado interferir na operação e buscado indicar ministros aos tribunais superiores para favorecer acusados, segundo a revista.
Mercadante e Aécio
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, que teve acesso a um dos depoimentos da delação premiada de Delcídio, o senador entregou à Procuradoria Geral da República gravações de conversas de um de seus assessores com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. O ministro tenta barrar a delação de Delcídio em troca de ajuda financeira e lobby junto ao STF para que o senador fosse solto.
Segundo a Folha, Delcídio também afirmou que Aécio Neves recebeu propina de Furnas, subsidiária da Eletrobras. A declaração confirma o depoimento do doleiro Alberto Youssef, que também disse que Aécio recebia propina de Furnas.
Delcídio, então líder do governo no Senado, foi preso no dia 25 de novembro do ano passado por tentar atrapalhar investigações da Operação Lava Jato. Segundo as investigações, Delcídio teria tentado dificultar os depoimentos do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que tem acordo de delação premiada, sobre um suposto envolvimento do senador com irregularidades nos contratos da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Delcídio foi solto no dia 18 de fevereiro sob condição de se manter em recolhimento domiciliar, podendo deixar a sua residência apenas para ir ao Senado trabalhar e retornando no período noturno. Desde então, ele está de licença médica, devendo retornar ao trabalho no próximo dia 23.
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