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PolíticaFrança

Ministra francesa sob pressão após fala homofóbica

17 de julho de 2022

Mais de 100 figuras públicas da França assinam carta questionando por que Caroline Cayeux segue no cargo. Ministra recém-nomeada gerou indignação entre defensores dos direitos LGBTQ com comentários antigos e recentes.

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Ministra da França Caroline Cayeux
Em 2013, Caroline Cayeux disse que legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo é um "capricho" que vai "contra a natureza"Foto: Karim Ait Adjedjou/abaca/picture alliance

Mais de 100 personalidades proeminentes da França assinaram uma carta aberta denunciando o que descrevem como comentários homofóbicos feitos pela recém-nomeada ministra Caroline Cayeux.

Publicada no Journal du Dimanche neste domingo (17/07), o texto questiona se a francesa de 73 anos – que foi nomeada ministra da Coesão Territorial no início deste mês – deve mesmo se manter no cargo.

As acusações contra Cayeux se remetem a comentários feitos em 2013, quando ela chamou os planos da França de legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a adoção de crianças por casais homossexuais de um "capricho" que vai "contra a natureza".

Em entrevista à emissora Public Sénat nesta semana, a ministra foi questionada se ainda tinha a mesma opinião sobre o tema. "Obviamente mantenho meus comentários. Mas sempre disse que se a lei fosse votada, eu a respeitaria", respondeu.

Cayeux afirmou ainda que foi injustamente retratada como preconceituosa e que tem "muitos amigos entre essas pessoas", se referindo aos LGBTQs.

A entrevista irritou grupos LGBTQ, que pediram sua renúncia e apresentaram uma queixa legal contra a ministra por insulto público.

Mais tarde, Cayeux acabou se desculpando pelos comentários, dizendo que suas palavras foram "inapropriadas" e que "igualdade de direitos deve ser sempre uma prioridade nas nossas ações".

O que diz a carta

A carta publicada neste domingo foi assinada por parlamentares, prefeitos, um medalhista olímpico, um ex-primeiro-ministro, além de jornalistas, advogados e membros da sociedade civil.

O texto faz um apelo ao governo da França para que dê um melhor exemplo e se esforce mais para defender os valores da igualdade de direitos.

"Como podemos aceitar que um membro do governo chame cidadãos franceses de 'essas pessoas'?", diz a carta aberta. "Como podemos evitar que, na cabeça dela, eles não pertençam à mesma categoria de cidadãos?"

O caso surge num momento em que o presidente Emmanuel Macron está politicamente enfraquecido após perder a maioria absoluta nas eleições parlamentares do mês passado.

O ministro dos Transportes, Clément Beaune, que é gay, chamou os comentários de Cayeux de "extremamente dolorosos".

A primeira-ministra Élisabeth Borne disse na sexta-feira que, embora as falas da recém-nomeada ministra tenham sido "chocantes", Cayeux pediu desculpas e, por isso, continuaria em seu cargo e "concentrada em sua missão" no governo.

ek (Reuters, AP)