Ministra anuncia "força-tarefa educação"
24 de junho de 2002Os péssimos resultados alcançados pelos estudantes alemães no estudo internacional Pisa colocaram nas manchetes um tema que dificilmente ocupa lugar de destaque nos debates nacionais: a educação. Neste fim de semana, a discussão se acirrou, desde que transpareceram os resultados dos 14 estados alemães que participaram da comparação internacional e que, oficialmente só serão divulgados no dia 27.
A ministra da Educação e Pesquisa, Edelgard Bulmahn, anunciou a criação de uma "força-tarefa educação", com a meta de colocar a Alemanha, no prazo de dez anos, entre os cinco primeiros países industrializados do mundo no quesito educação.
Bulmahn garante que sua intenção não é mexer na questão das competências, já que na Alemanha a educação é uma atribuição dos estados federados. "Mas nós precisamos agora de uma resposta nacional ao Pisa, quer dizer, de um relatório nacional sobre a educação e de um conselho de peritos, semelhante ao que existe no setor da economia."
Uma das primeiras decisões do governo federal foi destinar aos estados 4 bilhões de euros para uma reforma do ensino nos próximos cinco anos. A intenção é transformar, até 2007, um quarto das 40 mil escolas alemãs em estabelecimentos de funcionamento em período integral.
Desempenho escolar x campanha eleitoral
Segundo os dados que transpareceram no fim de semana, três estados federados se destacaram nas provas que avaliaram a compreensão de textos e os conhecimentos de matemática e ciências naturais: Baviera, Baden-Württemberg e Saxônia. Todos eles têm, de longa data, governos conservadores, liderados pela União Democrata Cristã ou União Social Cristã. Os estados lanterninhas são (Brandemburgo e Bremen) ou eram até pouco tempo (Saxônia-Anhalt) governados pelos social-democratas.
Os resultados detonaram um controverso debate político, cuja intensidade tem muito a ver com o fato de que a Alemanha está em plena campanha eleitoral para a escolha do novo governo federal. As duas Uniões, que têm como candidato conjunto a chanceler federal Edmund Stoiber, o atual governador da Baviera, vêem nos resultados uma confirmação de seu sistema de ensino, baseado na seleção e na exigência de alto desempenho. Os social-democratas, por sua vez, que atuam tradicionalmente no sentido de popularizar o ensino, acusam esse sistema de elitista.
As reivindicações e sugestões pipocam de todos os lados. Há consenso geral quanto à necessidade de uma reforma do ensino, mas ouvem-se também vozes que alertam para decisões apressadas e de motivação ideológica. (lk)