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Milícias rebeldes ameaçam tomar Trípoli

5 de abril de 2019

Grupo armado se aproxima da cidade-sede do governo reconhecido da Líbia, ameaçando frágil estabilidade no país após vácuo de poder deixado por Kadafi. ONU tenta salvar processo de paz entre facções rivais.

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Milicianos do autroproclamado Exército Nacional Líbio
Milicianos do autroproclamado Exército Nacional Líbio se aproximam de TrípoliFoto: Getty Images/AFP/A. Doma

Milícias leais ao comandante rebelde Khalifa Haftar chegaram a poucos quilômetros de Trípoli, cidade que sedia o governo internacional reconhecido da Líbia, na noite desta quinta-feira (04/04), ameaçando a frágil estabilidade no país e o agravamento dos conflitos armados.

O autoproclamado Exército Nacional Líbio (ENL), liderado por Haftar, que atua no leste do país, capturou a cidade de Gharyan, a cerca de 50 quilômetros de Trípoli, no oeste, se aproximando de territórios controlados por grupos rivais.

Haftar teria ordenado suas tropas a se dirigirem à capital e entrar na cidade pacificamente. Um porta-voz do comandante afirmou que a próxima cidade a ser tomada seria Al Aziziya, considerada a porta de entrada para Trípoli.

Entretanto, milicianos das cidades de Zawiya e Misrata, que controlam a capital, anunciaram que impediram o avanço das tropas de Haftar.

A aproximação das milícias de Haftar de Trípoli aumenta os temores de um novo acirramento da guerra civil no país. Um confronto entre o exército de Haftar e os grupos armados do oeste pode desencadear a maior onda de violência desde o conflito de 2011, que resultou na deposição e morte do ex-ditador Muammar Kadafi.

Um novo conflito armado ameaça as conversações de paz entre os grupos rivais, intermediadas pela ONU, marcadas para ocorrer entre os dias 14 e 16 de abril e que visam traçar uma estratégia para a realização de novas eleições e pôr fim à instabilidade na Líbia, país produtor de petróleo que abriga um grande número de migrantes que atravessam o território na esperança de chegar à Europa.

Haftar, cujo centro de poder fica na cidade de Bengasi, tem o apoio do Egito e dos Emirados Árabes Unidos, que o enxergam com um aliado contra os islamitas e, segundo relatórios da ONU, o apoiam militarmente. Seus maiores opositores estão em Misrata, cidade do oeste que abriga um poderoso grupo armado.

Khalifa Haftar, comandante do ENL
Khalifa Haftar, comandante do ENLFoto: Getty Images/AFP/F. Monteforte

O secretário-geral da ONU, António Guterres, que está na Líbia para ajudar nos preparativos da conferência de paz, foi pego de surpresa pelo aumento das tensões.

Na manhã desta sexta-feira, ele viajou de Trípoli para o leste do país. Ele irá a Tobruk para se reunir com membros da Câmara dos Representantes, uma assembleia legislativa aliada ao comandante do ENL.

Guterres fez um apelo pela diminuição das tensões militares e políticas e pelo "reconhecimento de que não há solução militar para os problemas da Líbia". "Meu objetivo permanecesse sendo o mesmo: evitar um confronto militar", disse nesta sexta-feira através do Twitter.

Além da ONU, vários países fizeram alertas contra ações militares unilaterais. Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália e Emirados Árabes Unidos divulgaram uma declaração conjunta pedindo que "todas as partes envolvidas desagravem as tensões".

"Nossos governos se opõem a qualquer ação militar na Líbia e responsabilizarão quaisquer facções que precipitarem futuros conflitos civis", diz o texto, acrescentando que "ameaças de ações unilaterais apenas arriscam colocar a Líbia de volta no caminho do caos".

A União Europeia (UE) advertiu que "a escalada militar em andamento na Líbia e o agravamento da retórica [...] arriscam levar a confrontos incontroláveis". A Rússia, que no passado cortejou Haftar, pediu que os problemas do país sejam resolvidos por meios políticos e diplomáticos.

O Conselho de Segurança da ONU programou para esta sexta-feira uma reunião a portas fechadas para discutir os últimos acontecimentos na Líbia, a pedido do Reino Unido.

RC/afp/ap/rtr

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