Milosevic pode ser condenado à prisão perpétua
12 de fevereiro de 2002A promotora classificou Milosevic de "excelente tático" e de "mestre em estratégia", mas assegurou que todas as ações do ex-presidente iugoslavo são "instrumento ao serviço da sua luta pelo poder. Não procurem idéias por detrás dos atos do acusado". A jurista suíça, responsável pelas investigações que levaram o ex-chefe de Estado às barras do tribunal de Haia, acrescentou: "Mais além do pretexto nacionalista e do horror da limpeza étnica, por trás da retórica grande e eloqüente e da linguagem obsoleta, é a busca do poder que motiva Milosevic."
Prisão perpétua –
A intervenção da promotora precedeu a de um dos seus colaboradores, Geoffrey Nice, que começou a expor perante o tribunal o caso do Kosovo, em que Milosevic é acusado de violar as leis de guerra, bem como de praticar crimes contra a Humanidade. O ex-ditador é acusado de crimes praticados entre 1991 e 1999, não só no Kosovo, mas também na Croácia e na Bósnia, havendo provas da sua participação em crime de genocídio, segundo a promotoria, o que pode levá-lo a uma condenação à prisão perpétua.Durante a exposição dos fatos, Milosevic manteve-se calmo e fez algumas anotações num papel que tinha à sua frente. A exposição da promotoria durará provavelmente o dia inteiro. Uma eventual resposta de Milosevic, que é o seu próprio advogado de defesa, não é esperada antes da quarta-feira (13/02). Até agora, no entanto, o ex-chefe de Estado iugoslavo recusou terminantemente uma participação ativa no processo, argumentando que – a seu ver – o tribunal de Haia é ilegal.
Os familiares do ex-presidente iugoslavo não se encontram em Haia. Nem a sua esposa Mira Markovic, nem a sua filha Marija, viajaram à Holanda para assistir ao início do julgamento.
Segundo avaliação da promotora Carla del Ponte, o processo contra Slobodan Milosevic poderá durar ainda cerca de dois anos. Não existe nenhum prazo legal para a conclusão do julgamento e todo o desenrolar do processo dependerá da apresentação de provas da acusação, bem como da inquirição de testemunhas.