Violência na Síria
11 de junho de 2011Ativistas de direitos humanos asseguram que as tropas do presidente sírio, Bashar al-Assad, atiraram em milhares de manifestantes na cidade de Maarat al-Numaan, no nordeste da Síria. Testemunhas informaram que pelo menos cinco helicópteros de combate dispararam com armas automáticas para dissolver uma manifestação de protesto na noite de sexta-feira (10/06).
"As pessoas fugiram para as plantações, para debaixo de pontes e para suas casas. Apesar de as ruas estarem quase vazias, os tiros foram disparados por horas", afirmou uma testemunha.
Apesar da ação violenta das forças de segurança, a população síria voltou a protestar contra o presidente Assad em diversas cidades do país.O centro do conflito é há dias a região em torno do vilarejo Jisr al-Shugur, na fronteira com a Turquia.
Tanques de guerra sírios fecharam as entradas do vilarejo no norte do país. Ativistas esperam um duro ataque das tropas de Assad a Jisr al-Shugur, onde 120 policiais das forças de segurança foram mortos na semana passada durante manifestações. A maior parte da população já abandonou a cidade.
Condenação da violência
Após a supressão das manifestações, os EUA condenaram duramente a "ação bestial de violência" na Síria e exigiram um fim imediato da brutalidade. Em declaração divulgada na sexta-feira, a Casa Branca afirmou que esse tipo de "violência assustadora" fará os Estados Unidos apoiarem uma resolução do Conselho de Segurança da ONU contra o presidente Bashar al-Assad.
Na resolução apresentada por Alemanha, França, Portugal e Reino Unido, o governo Assad deve ser condenado pela violação sistemática dos direitos humanos através de sua ação contra os críticos do regime.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou o uso da violência militar contra civis, a qual qualificou de "inaceitável". Em comunicado divulgado na sexta-feira, Ban Ki-moon instou o regime sírio a implementar reformas verdadeiras.
O presidente turco, Abdullar Gül, também advertiu Damasco sobre a manutenção do uso da força. O presidente turco afirmou que seu país considera os sírios como vizinhos e irmãos, com os quais há também laços familiares, informou a agência de notícias turca Anadolu.
Onda de refugiados
Segundo dados de organizações de direitos humanos, mais de 1.300 pessoas já foram mortas na repressão às manifestações contra Assad. A maioria das vítimas estava desarmada, dizem as organizações. Somente na sexta-feira, as forças de segurança de Assad mataram 36 pessoas em todo o país, afirmam os ativistas.
Fugindo da violência na Síria, mais de 4.300 pessoas já procuraram refúgio na Turquia. Citando diplomatas, a agência de notícias Anadolu informou que a Turquia está se preparando para receber mais refugiados.
O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que pretende evitar uma tragédia semelhante a de 1991, durante a Guerra do Golfo. Na ocasião, centenas de milhares de curdos iraquianos se refugiaram na fronteira turca. Seis mil pessoas morreram doentes ou de inanição, antes que a devida ajuda pudesse ser organizada.
CA/rtr/dpa/afp/dapd
Revisão: Alexandre Schossler