Migração
18 de dezembro de 2008Hoje, mais de 200 milhões de pessoas vivem e trabalham em países onde não nasceram e cresceram. Segundo a Organização Internacional de Migração (OIM), 3% da população mundial vive como migrante em outro país. O número de "trabalhadores móveis" globais tende a crescer ainda mais, fazendo com que se torne difícil avaliar os pós e contras deste fenômeno para países emergentes e em desenvolvimento.
Pobreza, fome e catástrofes naturais e conflitos violentos são as razões mais comuns que levam as pessoas a deixarem seus países de origem para procurar emprego no exterior. Acima de tudo, a migração de países em desenvolvimento cresce a cada ano, lembram os especialistas nesta quinta-feira (18/12), apontada pelas Nações Unidas como do dia internacinal dos migrantes.
Rede de apoio
Não se pode ignorar o fato de que a migração é também um fator econômico respeitável. A rede de apoio à migração é enorme, começando no mediador que cuida da organização dos papéis dos candidatos no país de origem – como passaportes e vistos – até aqueles que cuidam dos contatos para obtenção de emprego no país de destino.
As divisas enviadas por migrantes a países em desenvolvimento ou emergentes representam bastante para estes países. "As remessas de dinheiro que chegam à África por ano perfazem um total de aproximadamente 300 bilhões de dólares: o triplo do valor que o continente recebe em forma de ajuda ao desenvolvimento", diz Robert Calderisi, ex-executivo do Banco Mundial na África e autor do livro The trouble with Africa. Why foreign aid isn't working? (O problema com a África. Por que a ajuda externa não funciona?).
Importância em momento de crise
Principalmente em tempos de crise como os atuais, analisa Calderisi, os países em desenvolvimento dependem essencialmente destas remessas enviadas por africanos que vivem no exterior. A vantagem de tais envios diretos de dinheiro é o fato de esses valores não serem engolidos pelo Estado em forma de taxas e impostos, nem desaparecerem nas mãos de políticos corruptos. Enviados para parentes, eles geralmente chegam diretamente a seus destinos.
"Não se deve criar nenhum empecilho a essas pessoas. As família que vivem na Europa ou nos EUA devem decidir, elas próprias, se vão fazer suas remessas diretamente a familiares ou se vão financiar uma cooperativa ou uma escola, por exemplo. Para este tipo de decisão não é necessário qualquer tipo de política nacional", opina Calderisi.
Evasão de profissionais qualificados
Para um país como as Filipinas, por exemplo, as divisas oriundas dos emigrantes são uma das maiores fontes de dinheiro. Hoje, 10 milhões de cidadãos filipinos vivem no exterior. A desvantagem é que há no país uma carência de profissionais nas áreas de ensino e saúde, num cenário em que 60% vivem no nível considerado de pobreza pelas Nações Unidas.
A situação chega a ser absurda, considerando que o país sofre com a ausência de profissionais qualificados, enquanto estes vivem em países ricos desempenhando funções pouco qualificadas. "É uma tragédia que nossa economia não consiga absorver as forças de trabalho qualificadas, que são a grande vantagem de uma economia na concorrência global", aponta Jorge Sibal, professor de Economia na Universidade de Manila.