Micróbios da Antártida resistem em clima similar ao de Marte
Publicado 13 de abril de 2024Última atualização 14 de abril de 2024Um tapete microbiano da Antártica sobreviveu a condições ambientais similares à de Marte e, embora o experimento tenha durado apenas algumas semanas, os microrganismos não apenas sobreviveram, mas mantiveram "alguma atividade biológica", um pré-requisito para se adaptarem e prosperarem em ambientes hostis como o do planeta vermelho.
O experimento foi realizado por uma equipe de pesquisadores da Universidade Autônoma de Madri (UAM) e do Centro de Astrobiologia, da Espanha, com a ajuda de uma câmara de simulação que recria as condições climáticas e o ciclo dia/noite de Marte.
Durante quinze dias, a equipe expôs esteiras de cianobactérias da Antártida ao ambiente extremo do planeta, imitando aspectos como pressão, superfície e temperatura ambiente, composição gasosa e radiação, e o ciclo de umidade e hidratação do planeta.
Simulador
Assim, o simulador imitou a pressão em Marte, que é de cerca de sete milibares – entre cem e mil vezes menor do que na Terra –, as temperaturas – que oscilam até 70 ºC entre o dia e a noite –, as diferenças entre o inverno e o verão e as variações nos polos em relação a outras áreas.
Além disso, foram reproduzidos o ciclo de umidade e hidratação do planeta vermelho, que causa os processos de congelamento, derretimento, evaporação, condensação e sublimação desse planeta e que permitiu que os microrganismos antárticos sobrevivessem nesse ambiente extremo.
Os resultados do experimento mostram que a maioria dos inúmeros microrganismos dessa comunidade complexa não apenas sobrevive às condições extremas às quais foi exposta, mas também mantém alguma atividade biológica, uma boa indicação de que esse consórcio microbiano poderia se adaptar e se sustentar ao longo do tempo.
Os pesquisadores acreditam que foi a associação das diferentes bactérias que compõem o tapete microbiano que permitiu a sobrevivência dos microrganismos. Embora os resultados não sejam conclusivos, os pesquisadores acreditam que eles oferecem boas perspectivas.
"Talvez isso indique que consórcios microbianos de ambientes extremos na Terra, como as esteiras de cianobactérias da Antártica, possam ser mantidos e talvez prosperar em ambientes extraterrestres extremamente hostis, como Marte", diz o pesquisador da UAM e coautor do experimento, Antonio Quesada.
No entanto, ele enfatiza, "não propomos que essas comunidades possam existir atualmente em Marte, já que nosso experimento durou apenas duas semanas, o que, embora seja um período de crescimento anual próximo ao habitual nos lugares mais extremos da Antártida, é curto, e outros aspectos devem ser considerados, como o acesso a nutrientes ou a dispersão e sobrevivência dessas estruturas na superfície marciana a longo prazo".
md (EFE, ots)