Geração 'best age'

A sociedade alemã está ficando cada vez mais velha. O Departamento Federal de Estatísticas anunciou, nesta segunda-feira (27), que a expectativa de vida no país continua crescendo: um alemão nascido hoje pode esperar atingir 76,6 anos de vida, enquanto as alemãs vivem em média 82 anos.

Há muito tempo, a pirâmide demográfica alemã perdeu sua base dominada por jovens: hoje, a faixa etária predominante no país é de 50 anos de idade ou mais. Entretanto, apesar de já terem apagado muitas velinhas, os alemães se sentem cada vez mais jovens.

Sociólogos perceberam rapidamente essa mudança de paradigma e inventaram um termo para as pessoas entre 50 e 64 anos de idade: best ager, ou melhor idade. Só são considerados idosos aqueles com mais de 65 anos.

Antes chamados de "ferro-velho", os alemães cinqüentões agora sentem que estão na melhor fase da vida. Quase a metade deles pratica com freqüência algum tipo de esporte. Viajar, freqüentar spas e manter uma vida social ativa se tornaram essenciais na aposentadoria.

Novas mídias para velhos consumidores

A metade dos alemães com mais de 50 anos utiliza a internet e quase 60% navega regularmente pela rede. Há cinco anos, eram apenas 16%. Como os usuários jovens, os serviços mais utilizados pelos best agers na internet são e-mail, busca de informações, compras e transações bancárias.

Se há alguns anos mostrar pessoas idosas em propagandas era tabu, hoje elas conquistam cada vez mais espaço na publicidade. Rugas, antes vistas como um defeito, agora são um sinal de amadurecimento que quase todos gostam de mostrar.

Andar sobre quatro rodas também tem um papel importante na vida desses jovens senhores. Na última década, a porcentagem de best agers motorizados aumentou de 61% para 71%. Nos próximos dois anos, 4,4 milhões de alemães com mais de 50 anos pretendem adquirir carro próprio. A indústria se adapta a esse consumidor e desenvolve automóveis mais fáceis de dirigir, com boa visibilidade e assentos confortáveis.

Tudo isso, porém, tem razões econômicas: os best agers dispõem, por mês, de 200 euros a mais do que a média dos alemães.

Empresas se adaptam ao novo consumidor

Segundo o novo relatório sobre a expectativa de vida, pelo menos um em cada dois homens alemães completará 79 anos de vida, e quase a metade das mulheres comemorarão seus 85 anos. Com as dificuldades cada vez maiores no mercado de trabalho, já se foi o tempo em que a aposentadoria chegava com o 55º aniversário.

A vasta experiência dos best agers é vista cada vez mais como uma qualidade. Grandes empresas mantêm antigos funcionários em serviço por mais tempo ou contratam profissionais mais velhos, cuja fase de treinamento é bem mais curta do que a dos novatos.

A grande onda de demissões que aconteceu há dez anos na Alemanha deixou uma lição: não apenas funcionários foram mandados embora, mas também o seu know-how. Agora, muitas empresas tentam implementar bancos de dados para compensar esse conhecimento perdido. Mas, quando eles não são suficientes, é preciso contactar um antigo funcionário, que geralmente encontra uma solução.

E quando faltam alemães…

Na Alemanha, a situação do mercado de trabalho pode ser definida como dramática em alguns setores: por ano, são necessários 14 mil novos engenheiros e técnicos, mas apenas 7 mil estudantes da área terminam a faculdade. Isso torna os profissionais mais antigos cada vez mais necessários.

Em dez anos, os funcionários de muitas empresas serão cinco anos mais velhos do que a média atual. Para garantir uma boa produtividade no futuro, as empresas já se preparam para atender esse público e implementam aconselhamento médico, estruturas de trabalho flexíveis, cursos de aperfeiçoamento profissional, horários de trabalho individuais e uma boa comunicação interna.

E, se faltarem alemães, o país não poderá desconsiderar a mão-de-obra estrangeira. Num futuro próximo, o número de imigrantes qualificados que a Alemanha conseguirá atrair influenciará a quantidade de mão-de-obra qualificada disponível e a competitividade da economia alemã.

A cooperação com países em desenvolvimento também se adapta às novas realidades. O Senior Experten Service, em Bonn, oferece a aposentados alemães a possibilidade de repassar seus conhecimentos a profissionais de países em desenvolvimento. Muitos idosos qualificados já aconselham e promovem o aperfeiçoamento de pessoal especializado e de executivos provenientes de países em desenvolvimento, num sistema do qual todos tiram proveito.