A notícia chegou no horário nobre na noite de quarta-feira (08/01), e logo tirou Donald Trump do primeiro lugar do noticiário noturno. O presidente dos EUA também não tinha nada mais empolgante para oferecer, já que simplesmente tinha cancelado a guerra com o Irã que tanto se temia. E quem quer pensar na Terceira Guerra Mundial quando pode se distrair com os dramas das famílias reais?
Observadores perspicazes notaram que, no discurso de Ano Novo da rainha Elizabeth, a imagem da prole da segunda fileira não estava mais sobre o bufê. As fotos de Harry, Meghan e o bebê Archie aparentemente foram vítimas de um ataque de limpeza. Será que a rainha convidou a japonesa fanática da arrumação Marie Kondo, que liberta as pessoas de suas coisas velhas sob o lema "jogue fora tudo o que não lhe traz alegria"? Improvável. Portanto, por trás da expulsão dos membros mais jovens da real galeria familiar deveria haver uma intenção malévola.
Razão suficiente para Harry e Meghan se ofenderem mais uma vez. É bem conhecido entre as famílias todos sempre elogiarem apenas os "bons filhos", que fazem tudo certo e puxam o saco dos avós. E aí os outros saem batendo a porta: "Vocês não nos vão ver tão cedo! E podem fazer o que quiserem com a casinha em Windsor que acabaram de renovar para nós. A gente a achava mesmo cafona demais."
O príncipe Charles estaria por trás da onda de limpeza da família real britânica. Ele quer enxugar a família real e limitar o clã a um pequeno núcleo controlável. Quem saiu primeiro foi o irmão Andrew, com o escândalo de seu amigo Jeffrey Epstein, a entrevista abaixo da crítica, suas filhas inúteis e sua "ex" sem noção.
A princesa Anne ainda é útil para missões de crise, como visitas de Donald Trump ou de autocratas viajantes da Commonwealth. Mas o restante da trupe não serve para nada além de crises e catástrofes. Mas, certamente, não estava nos planos que o príncipe Harry, por anos o queridinho do público entre os jovens da realeza, levasse para o lado pessoal os trabalhos de arrumação do pai.
E não faltaram avisos. Americana e, além de tudo, atriz! Quando Harry anunciou seu casamento com Meghan, escutaram-se ressalvas. Até porque a memória da nação não se esqueceu de Wallis Simpson, que era divorciada e usava vestidos elegantes demais. O rei Eduardo 8° teve que renunciar por causa dela, um enorme escândalo na época, 1936. E agora Meghan, com seu pai indigno, seus meios-irmãos gananciosos e seu passado de estrela da série da tarde.
Em vista do casamento de conto de fadas, a imprensa do país se dividiu em dois grupos. Os FoM, Friends of Meghan, a receberam como uma lufada de ar fresco na família real empoeirada, uma dose de leveza americana e diversidade étnica em meio aos rígidos e branquelos Windsors.
Uma mulher de formação diferente, com sua própria profissão e tal – tinha tudo para dar certo, era o veredicto. E aí, é claro, houve também, na lagoa de tubarões do jornalismo de massa britânico, algumas insinuações desagradáveis em relação à família e à cor da pele de Meghan, golpes baixos da imprensa marrom.
Então, em 2019, Harry revidou, logo durante a viagem para a África a mando da rainha, reclamando que certos jornalistas se comportam de maneira insolente e invasiva em relação a sua mulher. Enquanto circulavam fotos alegres da jovem família com o bebê Archie, o príncipe caiu em cima das barracudas da imprensa.
As reações foram mais para hostis: será que um emprego no palácio não pressupõe também uma certa capacidade de aguentar uns golpes? Por que essas criaturas de luxo reclamam tanto? E Meghan deveria saber em que estava se metendo com um casamento real. A bronca do príncipe na imprensa foi um soco no vazio, e os jovens da realeza se sentiram completamente incompreendidos.
Assim como nas outras famílias, a realeza britânica parece não estar se falando. A rainha não estaria informada sobre o afastamento de Harry e Meghan. Em relação ao irmão William, o clima já é tenso; os dois trilham caminhos separados, se disse recentemente. Já com o pai, Charles, a coisa parece não ter volta: será que Camilla é a culpada? E a vovó, com seu eterno papo de dever e decência, está mesmo difícil de suportar. Portanto era uma oportunidade maravilhosa de assustar toda a família, a odiada imprensa e o ingrato público britânico com o trovão de uma declaração pessoal de afastamento.
O melhor é que, com isso, Harry e Meghan voltam a se tornar realmente interessantes. Eles querem ganhar seu próprio dinheiro – mas como? Será que ela consegue novos papéis na televisão – e quem contrata um príncipe que só aprendeu a voar de helicóptero? Será que eles vão trabalhar com publicidade, violando a dignidade da casa real e, ainda por cima, perdendo seus títulos reais? Eles continuarão a pregar proteção climática e a voar de um lado para outro com o avião particular? Onde morarão e quanto custa a nova casa? As oportunidades de participação pública na vida privada de Harry e Meghan são ilimitadas.
Em suma: após o Brexit, que fez os britânicos prender o fôlego por três anos, o "Megxit" oferece novo material para discussão entre as famílias britânicas. Será uma oportunidade para se irritar sem o menor sentido e de tomar partido por um lado ou pelo outro. Os dois não poderiam ter feito um favor maior a seu país em tempos difíceis.
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