Marcos Pontes afirma que está com covid-19
30 de julho de 2020O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, afirmou na noite de quarta-feira (29/07) que seu teste para detectar coronavírus teve resultado positivo.
O ministro revelou a doença durante uma transmissão ao vivo com o senador Roberto Rocha (PSDB-MA), na qual os dois discutiram sobre o centro de lançamento de foguetes de Alcântara, no Maranhão.
Durante a live, o ministro disse que vinha sentindo sintomas parecidos com o de uma gripe e realizou o exame na terça-feira. O resultado saiu no dia seguinte. A notícia só ganhou espaço nesta quinta-feira, quando o ministro publicou um trecho da live em sua conta no Twitter.
"Acabei de receber teste positivo para o novo coronavírus. Estou bem, só um pouco de sintoma de gripe e dor de cabeça. Agora em isolamento. Vai dar tudo certo. Sigo cumprindo minha agenda de forma remota e, obedecendo o período de distanciamento social para plena", escreveu o ministro na rede social.
No vídeo, ele ainda promoveu a a nitazoxanida, um vermífugo conhecido pelo nome comercial Annita, que seu ministério tem estudado como um tratamento para a covid-19. "Vou até entrar nos testes da nitazoxanida, agora eu posso”, disse o ministro.
Em abril, um anúncio de Pontes de que a pasta passaria a testar o medicamento provocou uma corrida às farmácias, gerando alertas de médicos sobre os riscos de automedicação. Até o momento, o vermífugo ainda não conquistou defensores fervorosos como a hidroxicloroquina, o medicamento promovido pelo presidente Jair Bolsonaro, apesar da sua eficácia contra a covid-19 ainda não ter sido comprovada cientificamente. À época do anúncio, o uso do Annita não entusiasmou nem mesmo laboratório que produz a substância.
Quinto ministro infectado
Além de Pontes, outros quatro ministros já foram infectados: Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Onyx Lorenzoni (Cidadania) e Milton Ribeiro (Educação). Este último anunciou o diagnóstico positivo apenas quatro dias depois de tomar posse.
Em março, após uma visita aos Estados Unidos, 18 membros da comitiva do presidente testaram positivo para a doença. Fabio Wajngarten, atual secretário-executivo do Ministério das Comunicações, foi o primeiro membro do governo a testar positivo, ainda em março, quando ocupava a chefia da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) do Governo Federal.
Em 7 de julho, Bolsonaro também declarou que havia sido infectado pelo Sars-CoV-2 e que estava tomava hidroxicloroquina como tratamento primário. Quase três semanas depois, o presidente afirmou que um novo teste (o quarto) finalmente havia apontando que ele estava livre da doença. Durante o período em que estava infectado, Bolsonaro cumpriu um isolamento frouxo, chegando a confraternizar com apoiadores em frente ao Alvorada e a passear nos jardins do palácio enquanto funcionários trabalhavam.
Desde o início da pandemia, Bolsonaro adotou uma postura pública de minimizar os efeitos da doença - que ele chegou a chamar de "gripezinha" - e de pregar pelo fim de medidas de isolamento social. Ele também passou a promover tratamentos duvidosos como a hidroxicloroquina, chegando a provocar a saída de dois ministros da Saúde que resistiram a elaborar um amplo protocolo para o uso do medicamento, diante da falta de comprovação da sua eficácia.
O Brasil segue há dois meses e meio sem um ministro da Saúde. O posto vem sendo ocupado interinamente desde 15 de maio pelo general Eduardo Pazuello, que não tinha experiência na área e indicou militares para quase todos os postos-chave do ministério. Na sua gestão, as mortes e novas notificações de casos dispararam no país. Foram quase 75 mil novos óbitos registrados desde que a pasta passou a ser gerida por Pazuello e outras dezenas de militares.
Sob a intervenção pessoal de Bolsonaro e do Exército, o ministério também tentou esconder os números da pandemia no início de junho, mas voltou atrás após ordem do Supremo Tribunal Federal.
JPS/ots
______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube
| App | Instagram | Newsletter