Maradona espera jogo duro contra a Alemanha
25 de junho de 2006O ex-jogador e ídolo argentino Diego Armando Maradona diz ter inspirado Maxi Rodriguez, autor do golaço que garantiu a vitória de 2 a 1 na prorrogação sobre o México, neste sábado (24/06) em Leipzig. Nas quartas-de-final, ele prevê um jogo muito duro contra os alemães.
Desta vez, não foi a "mão de Deus" que esteve em campo. "Estendi meu pé esquerdo para Maxi; graças a Deus, ele o pegou. O goleiro não pôde fazer nada", disse Maradona, em entrevista à Agência Alemã de Notícias (DPA). "Suei como se eu mesmo tivesse jogado", emendou.
Rodriguez aceitou o passe "divino". "Tive a sensação de que meu pé era o pé de Maradona", brincou o meia da equipe comandada por José Pekerman. Aos 8 minutos da prorrogação, Maxi Rodriguez recebeu lançamento do capitão Sorin, matou a bola no peito e mandou uma bomba no ângulo superior direito do goleiro mexicano Oswaldo Sanchez, marcando o gol mais bonito da Copa até agora.
"Uma bola dessas ou vai para as arquibancadas ou entra no ângulo", comentou o jogador, que já marcou três gols no Mundial na Alemanha. "Indefensável", sentenciou Maradona, que com seu pé esquerdo levou a Argentina ao segundo título há 20 anos na Copa do México.
A Argentina enfrenta a Alemanha na próxima sexta-feira (30/06) em Berlim pelas quartas-de-final. Maradona referiu-se aos adversários com respeito. "Contra a Alemanha será duro, duro. Eles jogaram bem, têm um bom meio-de-campo e são anfitriões."
Na opinião de Maradona, a Argentina precisa se concentrar neste jogo para poder vencer. "O jogo contra a Alemanha será a principal partida da Copa", avisou. Ele também felicitou o México pela boa apresentação em Leipzig. "A equipe nos pressionou o tempo todo. Mas foi uma grande vitória da Argentina. Todo o país está feliz", disse.
Estrela na tribuna de honra
Às vésperas do "principal jogo da Copa" ainda não se sabe quem será a grande estrela dos gramados, mas já é evidente que, nas tribunas de honra, este papel está sendo exercido por Maradona, e não por Franz Beckenbauer ou Pelé, como se esperava.
Maradona faltou ao desfile dos campeões mundiais na abertura da Copa, supostamente por um gesto de vingança contra o presidente da Fifa, Josef Blatter, que no centenário da entidade, há seis anos, distinguiu Pelé e não o argentino como "jogador do século".
O verdadeiro motivo da ausência, porém, foi outro, revelou o jornal Die Welt. De passagem por Nápoles, a caminho da Alemanha, a receita italiana teria tentado cobrar uma dívida fiscal de 30 milhões de euros do ex-craque do clube local. Como ele não tinha o dinheiro, o "leão" italiano teria abocanhado dois relógios da marca Rolex do ídolo.
Desde que desembarcou na Alemanha, Maradona rouba a cena nas tribunas de honra. Credenciado como jornalista, fora dos estádios tenta escapar da imprensa. Para se esconder, teria reservado quartos em três hotéis em Gelsenkirchen. Quando sai, está com pressa. A polícia alemã o flagrou a 120 km/h num canteiro de obras rodoviárias, cobrou 200 euros de multa, mas não percebeu que ele dirige sem carteira de motorista, escreveu o jornal.
A presença de Maradona provocou uma verdadeira euforia na concentração dos argentinos em Herzogenaurach (Baviera). Supostamente, sua presença nos estádios é uma motivação a mais para os jogadores em campo, que acreditam na conquista do tricampeonato. Só o técnico José Pekerman não se deixa contagiar pela "maradonamania". Especula-se que Marodona quer sucedê-lo.
Como sucessor de Maradona, por sua vez, já foram mencionados vários nomes. Há três anos, o próprio ídolo apontou Andres D'Alessandro, jogador do clube alemão Wolfsburg, como seu herdeiro. Agora, Lionel Messi carrega o fardo dessa herança. Após o gol que o craque do Barcelona marcou no 6 a 0 da Argentina contra a Sérvia e Montenegro, Maradona sentenciou: "Messi pode ser como eu".