Mais de 300 crianças-soldados são libertadas no Sudão do Sul
8 de fevereiro de 2018Mais de 300 crianças-soldados foram libertadas no Sudão do Sul nesta quarta-feira (07/02), marcando o primeiro passo de um processo que deve culminar, nas próximas semanas, com a libertação de um total de 700 menores de idade recrutados por grupos armados no país.
A cerimônia de deposição das armas com a libertação de 87 meninas e 224 meninos é apenas o "começo de uma jornada", afirmou David Shearer, diretor da missão da ONU no Sudão do Sul, país que atravessa uma devastadora guerra civil iniciada em 2013.
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Estima-se que 19 mil crianças-soldados atuem em grupos armados no Sudão do Sul. Muitas delas foram sequestradas e forçadas a combater por esses grupos. Até o momento, a ONU conseguiu a libertação de quase 2 mil jovens mais de 10% deles tinham menos de 13 anos de idade.
As crianças recém-libertadas serão agora reintegradas às suas famílias e receberão assistência alimentar e psicológica durante três meses, além da oportunidade de voltarem à escola.
Apesar do êxito inicial do processo iniciado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), existe a preocupação de que a violência no país possa acabar forçando as crianças a retornarem aos grupos armados.
"Nem todas as crianças são recrutadas à força. Muitas aderem aos grupos armados por sentirem que não há outra opção", disse o representante do Unicef no Sudão do Sul, Mahimbo Mdoe. Nesta semana, foi iniciada uma nova rodada de negociações de paz na vizinha Etiópia, mediada por países da região.
Grupos de direitos humanos afirmam que o recrutamento de crianças continua, ainda que o governo tenha reafirmado seu compromisso de pôr fim a essas práticas. "O contínuo recrutamento e uso de crianças pelos militares e grupos armados de oposição revela a total impunidade que reina no Sudão do Sul e o terrível custo dessa guerra para as crianças", afirmou o diretor da organização Human Rights Watch para a África, Mausi Segun.
Em pronunciamento durante a cerimônia de deposição das armas nesta quarta-feira, o vice-presidente do Sudão do Sul, Taban Deng Gai, disse que a libertação das crianças é um sinal de paz. Ele alertou, porém, contra as críticas de países terceiros, como os Estados Unidos, que impuseram um embargo ao comércio de armas para o país na semana passada.
A guerra civil no Sudão do Sul deixou milhões de pessoas à beira da inanição. O agravamento do conflito no país, que deixou mais de 50 mil mortos em quase cinco anos, praticamente impossibilitou a produção de alimentos e fez com que a entrega de ajuda humanitária se tornasse difícil e perigosa.
Em setembro, 6 milhões de pessoas – o que equivale a 56% da população – enfrentavam situações extremas de fome, com 25 mil em situação de catástrofe humanitária, segundo dados do Programa Alimentar Mundial da ONU.
RC/ap/dpa
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