Mais de 200 mulheres acusam João de Deus de abuso sexual
13 de dezembro de 2018Mais de 200 mulheres já denunciaram o autoproclamado curador espiritual João Teixeira de Faria, mais conhecido por João de Deus, de abusos sexuais. As alegações incluem estupros e atos sexuais durante sessões individuais em que o médium alegava estar usando seus poderes sobrenaturais para curá-las.
O mais recente levantamento do Ministério Público de Goiás aponta que 206 mulheres entraram em contato com o órgão para relatar denúncias de abusos sexuais contra João de Deus. De acordo com dados divulgados no começo desta semana, 156 denunciantes fizeram contato por meio do canal criado exclusivamente para este fim, pelo e-mail [email protected].
As mulheres se identificaram como sendo de dez estados brasileiros: Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
Em muitos casos, as mulheres afirmaram que João de Deus as incentivava a masturbá-lo ou praticar sexo oral sob a premissa de ser a única maneira de transferir sua "energia curadora" para elas. Além disso, há relatos de duas mulheres que vivem no exterior e de uma coreógrafa holandesa que alegou ter sido estuprada pelo médium.
Na quarta-feira (12/12), o Ministério Público de Goiás apresentou um pedido de prisão preventiva contra João de Deus. O médium declarou ser inocente das acusações e que está à disposição da Justiça.
No mesmo dia, ele esteve por dez minutos na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, onde realiza há 44 anos consultas e aconselhamentos espirituais, além das chamadas cirurgias espirituais. Ele chegou e saiu sob aplausos e afirmou estar sem condições de trabalhar.
A reputação de João de Deus transcende as fronteiras brasileiras – o médium conta com seguidores em vários países estrangeiros. Em 2013, por exemplo, a célebre apresentadora americana Oprah Winfrey exibiu um documentário sobre o líder espiritual. Depois das acusações, Oprah removeu o conteúdo de seu canal no Youtube.
Três presidentes brasileiros buscaram os serviços de João de Deus: os petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos por batalhas contra o câncer, e Michel Temer, antes de uma operação de próstata.
Vários meios de comunicação estrangeiros e brasileiros efetuaram investigações críticas sobre as alegações de cura de João de Deus. Em alguns relatos, foram publicadas alegações anteriores de abusos sexuais e outras impropriedades pelas quais o médium nunca foi autuado.
O prefeito de Abadiânia, José Aparecido Alves Diniz, disse temer que a indústria do turismo possa entrar em colapso com uma suposta condenação de João de Deus. Segundo o prefeito, o curandeiro espiritual tem atraído quase dez mil visitantes por mês, 40% deles do exterior.
PV/afp/abr/ots
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