Maduro em rota de colisão com a oposição
11 de dezembro de 2015O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, causou surpresa ao aceitar com serenidade a derrota nas eleições parlamentares do último domingo e exaltar o "triunfo da Constituição e da democracia". Mas menos de uma semana depois, ele retomou a retórica agressiva da campanha e mostra que não vai aceitar a derrota tão facilmente.
Maduro afirmou nesta quinta-feira (10/12), durante um congresso extraordinário do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), que a derrota do governo nas eleições parlamentares ocorreu devido a "erros" cometidos pela própria legenda governista.
Maduro afirmou que o PSUV foi prejudicado pela "guerra econômica" e por seus próprios erros, como a "falta de método político para tratar de situações juntamente com o povo e pela elitização que nossa liderança tem sofrido".
O primeiro projeto da nova Assembleia de maioria oposicionista é uma lei de anistia aos opositores presos pelo regime. Maduro, porém, já afirmou que irá rechaçar a iniciativa. O presidente disse que a oposição "já trata de usar o poder que obteve para desmontar a revolução bolivariana e aplicar um golpe definitivo à paz".
Ele disse que a investida dos "empresários monopolistas" começou há dois anos, dentro do que chamou de "guerra econômica", o que teria gerado descontentamento entre a população e, consequentemente, a derrota nas urnas.
Segundo Maduro, trata-se de um modelo desenvolvido "sobre circunstâncias reais da economia, que se soma ao esgotamento do modelo petroleiro e o bloqueio financeiro internacional que o país sofre. Foi um golpe calculado", disparou o presidente, que considerou a vitória da oposição uma "contrarrevolução antipátria".
A coalizão de oposição Mesa de Unidade Democrática (MUD) conquistou 112 das 167 cadeiras da Assembleia Nacional, enquanto o PSUV elegeu apenas 55 parlamentares. De acordo com dados do Conselho Nacional Eleitoral, o MUD se consagrou com 7,7 milhões de votos, o que representa 56,2% do total, contra 5,6 milhões (40,8%) do oficialismo.
A maioria absoluta permitirá aos opositores realizar plebiscitos, remover ministros, designar funcionários públicos e até destituir o presidente.
RC/dpa/rtr