Literatura alemã do papel para as telas
Adaptações cinematográficas da literatura são tão velhas como a sétima arte, mas poucas fazem jus ao original. As sete produções selecionadas, baseadas em obras alemãs, são exceção a essa regra.
Nada de novo no front
Um extraordinário exemplo de adaptação literária bem-sucedida, nos primórdios do cinema, é "Nada de novo no front", de 1930. Ao levar às telas o romance antibélico de Erich Maria Remarque, o americano Lewis Milestone confrontou o público com os horrores do front ocidental na Primeira Guerra Mundial. Na Alemanha, os nacionalistas cuidaram para que o filme tivesse exibição muito restrita.
Morte em Veneza
Em 1971, o diretor italiano Luchino Visconti surpreendeu os meios cinematográficos e literários com uma adaptação sensível e empática. Substituindo o escritor original por um compositor e sublinhado com a música de Gustav Mahler, "Morte em Veneza" traduz fielmente o tom narrativo de Thomas Mann. O clássico estrelado por Dirk Bogarde é reflexivo e melancólico – e também incrivelmente belo.
A honra perdida de Katharina Blum
Em 1975, dois anos antes de o terrorismo da RAF dominar a política nacional, no "Outono Alemão", Volker Schlöndorff levou às telas, juntamente com Margarethe von Trotta, "A honra perdida de Katharina Blum", de Heinrich Böll. O romance, lançado apenas um ano antes, descreve com grande precisão o clima e o debate sobre liberdade de imprensa na Alemanha Ocidental da época.
Perfume: A história de um assassino
Após mais de 20 anos de espera, chegou às salas de exibição em 2006 a filmagem de um dos romances alemães mais vendidos de todos os tempos: "Perfume: A história de um assassino". O cineasta Tom Tykwer traduz a morbidamente detalhada narrativa de Patrick Süskind em imagens opulentas, com o britânico Ben Whishaw no lacônico papel principal, ao lado de Karoline Herfurth.
O leitor
É bastante raro um best-seller também resultar numa boa produção cinematográfica, sobretudo se o romance original trata de um tema difícil. Em "O leitor", Bernhard Schlink aborda as consequências do nacional-socialismo. A versão cinematográfica de Stephen Daldry, de 2008, convence, acima de tudo, pelo excelente elenco, encabeçado por Kate Winslet e David Kross.
Ele está de volta
O romance de Tim Vermes ousa fazer humor com um tema extremamente delicado: décadas após o fim da 2ª Guerra, ninguém menos do que Adolf Hitler acorda e se espanta – e também se maravilha – com o que foi feito da "sua" Alemanha. Em 2015, David Wnendt filmou "Ele está de volta", interpolando entrevistas reais e dando-lhe um tom de "mockumentary" grotesco. Hitler é interpretado por Oliver Masucci.
In Zeiten des abnehmenden Lichts
A versão filmada de "In Zeiten des abnehmenden Lichts" (literalmente: Em tempos de luz minguante), de Eugen Ruge, estreou na Berlinale em 2017. O diretor Matti Geschonneck lança um olhar satírico sobre os últimos estertores do regime socialista da Alemanha Oriental, colocando acentos diferentes dos do autor literário. O resultado, estrelado por Bruno Ganz, é cômico com profundidade trágica.