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Libertada jovem palestina que agrediu soldados israelenses

29 de julho de 2018

Ahed Tamimi retorna à Cisjordânia depois de ter passado oito meses numa prisão israelense. Ela foi condenada por agredir dois soldados que estavam apoiados num muro da casa dela.

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Ahed Tamimi  Freilassung Palästina
Foto: THOMAS COEX/AFP/Getty Images

A adolescente palestina que passou oito meses na prisão por ter agredido dois soldados israelenses foi libertada neste domingo (29/07).

Ahed Tamimi, de 17 anos, e a mãe, que também foi detida devido ao mesmo incidente, foram transferidas pelas autoridades israelenses da prisão até um ponto de entrada para a Cisjordânia, onde residem. As duas foram recebidas com faixas e bandeiras palestinas quando chegaram a sua aldeia natal, Nabi Saleh.

Depois de libertada, Tamimi declarou que pretende continuar lutando contra a ocupação israelense. "Nossa resistência vai continuar, principalmente nossa luta por direitos iguais", afirmou. Ela também criticou a nova lei que reforça o caráter judeu do Estado de Israel, a qual chamou de "racista" e "apartheid".

A Anistia Internacional saudou a libertação de Tamimi, mas lembrou que muitos outros menores continuam detidos. Segundo a organização israelense de direitos humanos Betselem, há 291 palestinos menores de idade na cadeia em Israel.

O chefe da Anistia em Jerusalém, Saleh Higazi, afirmou que Tamimi cumpriu uma pena "injusta, baseada na premissa ridícula de que ela teria sido uma ameaça a soldados fortemente armados".

Depois do regresso à sua aldeia, Tamimi foi para Ramallah, onde depositou flores no túmulo do líder palestino Yasser Arafat e se encontrou com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, que a elogiou por lutar por "liberdade e independência".

Ela também visitou a casa de um familiar, morto por soldados israelenses durante os conflitos de junho, quando lançou pedras contra os militares.

Tamimi fora detida em 19 de dezembro, alguns dias depois de ter sido filmada agredindo dois soldados. O vídeo feito por sua mãe viralizou na internet. Ela logo se tornou um ícone da resistência dos palestinos contra a ocupação militar de Israel.

As imagens mostram a adolescente e uma prima, Nour Tamimi, aproximando-se de dois soldados israelenses apoiados num muro do pátio da casa das jovens em Nabi Saleh, uma aldeia em território palestino ocupado por Israel há mais de 50 anos. As duas jovens exigem que os soldados deixem o local e os agredem com pontapés e bofetadas. Os soldados, fortemente armados, deixam o local em seguida.

Nabi Saleh é um vilarejo conhecido pela sua resistência à ocupação israelense. Protestos costumam resultar em violência, com manifestantes lançando pedras contra soldados israelenses, que por sua vez empregam gás lacrimogêneo ou disparam com projéteis de borracha.

Segundo advogados de Tamimi, durante protestos anteriores à prisão um primo de 15 anos da adolescente fora ferido gravemente na cabeça por soldados israelenses, com uma bala de borracha.

A imprensa israelense descreveu a jovem como uma "provocadora que sabe como transformar suas ações em eventos midiáticos" e acusou sua família de manipulá-la. O ministro da Cultura a chamou de terrorista. Muitos israelenses elogiaram a reação dos soldados durante o episódio.

Tamimi tinha 16 anos quando foi detida. Em 21 de março, ela foi condenada a oito meses de prisão, depois de concordar em se declarar culpada.

AS/lusa/dpa/ap

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