"Klinsmann, o exterminador do titã"
8 de abril de 2006Boa parte da imprensa alemã aprovou, "em termos esportivos", a escolha de Jens Lehmann para ser o titular da seleção alemã, anunciada nesta sexta-feira (08/04). Mas a forma como o técnico Jürgen Klinsmann teria "desmontado" o até então camisa 1 Oliver Kahn foi criticada. Confira algumas opiniões.
Hamburger Abenblatt
"A escolha de Klinsmann é compreensível. Lehmann combina melhor com o estilo ofensivo da seleção alemã. A Alemanha deve respeitar a decisão do técnico. E seria bom se o titã desmontado renunciasse à seleção."
Sächsische Zeitung
Jürgen Klinsmann não poderia ter escolhido melhor momento para tomar a decisão. Kahn mostrou inusitada insegurança nos últimos dias, enquanto o desafiante Lehmann brilhava com atuações impecáveis. Mas isso não foi difícil, porque atrás da superdefesa do Arsenal até o motorista de ônibus do clube inglês teria feito boa figura."
Abendzeitung (de Munique)
O jornal de Munique diz que o rodízio de goleiros iniciado por Klinsmann serviu para "a desmontagem de Kahn, cujo último ato será sua retirada da seleção. A pressão do Bayern, no pior momento de Kahn, facilitou a decisão, levando Klinsmann a se livrar de uma instituição, sem piedade e sem estilo. Se Klinsmann não conquistar a Copa, só restará uma coisa de seu intermezzo na seleção: ele foi o exterminador do titã."
Badische Zeitung
"O melhor em termos esportivos deveria ganhar. E ele ganhou. Sobretudo nos últimos seis meses, Lehmann convenceu tanto no Arsenal quanto na seleção. Em termos de futebol, ele é melhor que seu rival e serve melhor ao esquema tático de Klinsmann. Kahn falhou várias vezes e reclamava freqüentemente de problemas de saúde."
Der Spiegel
A versão online da famosa revista alemã levanta a suspeita de que a decisão favorável a Lehmann foi, ao mesmo tempo, "um tiro contra três instâncias que começam com a letra B: Bayern, Beckenbauer e o jornal Bild. Uma espécie de vingança contra os responsáveis pelo clube de Munique, que reiteradamente deram a entender que o técnico da seleção não lhes agradava".
Stuttgarter Nachrichten
"A indignação em Munique é sonora, mas injusta. Sem dúvida, Kahn teve muitos méritos. Mas no futebol nada vale menos do que glórias do passado. Culpar o rodízio na seleção pela insegurança mostrada por Kahn nas últimas semanas é absurdo. Quem quer se sagrar campeão mundial em seu próprio país tem de saber lidar com essa pressão."
Berliner Morgenpost
"É bom para o projeto Copa que finalmente se tenha decidido a delicada questão do goleiro. Mas a partir de agora, Jens Lehmann será observado de forma tão intensa como jamais experimentou."
"Isso foi um golpe de estado na Alemanha"
A mídia espanhola e italiana reagiu com perplexidade à decisão de Klinsmann. "Isso foi um golpe de estado na Alemanha", comentou a emissora de rádio espanhola Cadena Ser, fazendo uma comparação com a política: "A escolha do goleiro da seleção foi mais sensacional do que a eleição para a Chancelaria Federal".
"Surpresa! Klinsmann corta Kahn sem piedade. Isso deve ser amargo para o grande Kahn", comentou o jornal Sport, da Espanha.
Segundo o La Repubblica, da Itália, "Klinsmann eliminou Kahn para salvar a seleção alemã. Isso é um golpe duro para a equipe, que perde seu legendário ator principal. A Alemanha continua em dificuldades".