Judeus na Argentina: os que chegaram para ficar
8 de fevereiro de 2013No centro da capital argentina, no bairro Once, fica a filial de uma cadeia norte-americana de fast food: trata-se da única filial kosher do grupo fora de Israel. E não por acaso: na Argentina, vive a maior comunidade judaica da América Latina, com aproximadamente 250 mil pessoas. Só em Buenos Aires vivem tantos judeus quanto a soma dos que moram no México, Brasil, Uruguai e Chile juntos.
Ponto de fuga: Argentina
Já no fim do século 19, o empresário alemão Barão Moritz von Hirsch criou na Argentina assentamentos para judeus do Leste Europeu e mais tarde para judeus alemães. Estes assentamentos marcaram o início da existência de uma comunidade judaica no país.
Durante o período nazista, 45 mil judeus fugiram da Alemanha rumo à Argentina, embora o país tivesse na época leis rígidas que limitavam a imigração. E muitos alemães em Buenos Aires fossem simpatizantes do regime de Hitler. Nos anos 1930, foi fundada na capital argentina a Associação de Ajuda aos Judeus de Língua Alemã, que auxiliava os recém-chegados a construírem uma nova vida no país. Hoje, a organização, que leva o nome de Associação Filantrópica Israelita, coordena diversos projetos sociais e dirige algumas instituições na cidade.
Vestígios marcantes
Na Buenos Aires moderna de hoje, vários bairros mantêm as marcas da cultura judaica, como o bairro de comerciantes de tecidos Once, no centro; ou Belgrano, no norte da cidade, onde judeus alemães e austríacos passaram a viver.
É nestes bairros que fica a maior parte das 55 sinagogas da cidade, além de associações desportivas e culturais, bem como clubes judaicos, restaurantes e teatros. Quase todos eles passaram a ser protegidos por um esquema rígido de segurança depois dos atentados ocorridos nos anos 1990 a organizações judaicas na cidade, que deixaram um saldo de mais de 100 mortos.
O número de judeus na Argentina vem, porém, diminuindo há anos. Um fato que se dá em função das famílias terem cada vez menos filhos, mas também por causa da rápida assimilação dos judeus à sociedade local: muitos descendentes de imigrantes casam-se com argentinos que não são de origem judaica.
Em 2011, quando uma série crise assolou a Argentina, 25% dos judeus deixaram o país. Milhares deles emigraram para Israel. Mesmo assim, Buenos Aires continua sendo a cidade latino-americana mais marcada pela cultura judaica no continente, embora, como ressalta o escritor Robert Schopflocher, de origem judaico-alemã, "os membros da segunda geração sentem-se, em sua maioria, verdadeiros argentinos".
Autor: Marc Koch (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer