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José Mário Vaz vence eleição presidencial na Guiné-Bissau

Braima Darame, de Bissau / António Rocha21 de maio de 2014

Contagem provisória indica ampla vitória do candidato sobre o oponente Nuno Gomes Nabiam, que discordou dos números apresentados. Oposição quer impugnar resultado.

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José Mario Vaz, candidato do PAIGCFoto: Seyllou/AFP/Getty Images

O candidato José Mário Vaz, apoiado pelo Partido Africano da Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC), obteve 61,9% dos votos no segundo turno da eleição presidencial, realizada no domingo passado (18/05), enquanto o candidato Nuno Gomes Nabiam recolheu 38,1%. O resultado foi divulgado pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) nesta terça-feira (20/05) em Bissau.

O PAIGC já havia conquistado a maioria absoluta nas eleições legislativas de 13 de abril e conseguiu agora eleger o presidente. José Mário Vaz, que foi ministro das Finanças do governo deposto no golpe de Estado de abril de 2012, venceu em 22 dos 29 círculos eleitorais da Guiné-Bissau.

Em declarações à imprensa local, José Mário Vaz prometeu uma nova Guiné a partir de agora. "Quero dizer aos guineense que chegou o momento para voltarmos a página. A Guiné-Bissau vai conhecer novos rumos e portanto vamos trabalhar para o bem-estar do nosso povo e da nossa terra."

Oposição quer impugnar resultados

O candidato derrotado, Nuno Gomes Nabiam, diz que, pelas contas que fez, é na verdade ele o grande vencedor da eleição, pelo que nas próximas horas tomará uma decisão pública se aceita ou não os resultados da CNE.

Guinea-Bissau Wahl Kandidat Nuno Gomes Nabiam 16.05.2014
Nuno Gomes Nabiam: "Os resultados divulgados não estão em conformidade com os nossos"Foto: Seyllou/AFP/Getty Images

"Os resultados divulgados não estão em conformidade com os nossos. Penso que venci essas eleições, mas iremos falar sobre esses resultados mais tarde". Entretanto, segundo a agência de notícias Lusa, a direção da campanha de Nuno Nabiam anunciou que vai impugnar os resultados anunciados pela CNE.

Com essa posição de Nuno Gomes Nabiam, aumentou ainda mais o clima de tensão político-militar que desde dias se vive no país. Mas, José Ramos-Horta, representante da ONU, tem garantias dos militares de que não vão intervir no processo. "As chefias militares comprometeram-se a manter a segurança sobretudo dos apoiantes dos candidatos".

UA pede suspensão das sanções contra a Guiné-Bissau

A União Africana (UA) afirma que, com a publicação dos resultados, está agora aberta a possibilidade de serem levantadas as sanções impostas à Guiné-Bissau quando do golpe militar de 2012. Para Ovídio Pequeno, da UA, "estamos num processo e estou convencido que o Conselho da Paz e Segurança da UA tomará nota desse proccesso. Aguardamos a tomada de posse dos novos dirigentes e a partir daí iremos falar sobre o levantamento das sanções".

Também Joaquim Ducai, chefe da delegação da União Europeia, abre uma nova janela para o país dentro da UA. "Nunca abandonamos o povo da Guiné-Bissau e vamos continuar a apoiá-lo", concluiu.

Na contagem total, Vaz conseguiu 364.394 votos contra 224.089 para Nabiam, candidato independente apoiado pelo Partido da Renovação Social (PRS), principal força da oposição, e conotado com os militares autores do golpe de Estado de 2012.