Johnson e Hunt trocam farpas sobre Brexit
10 de julho de 2019Boris Johnson e Jeremy Hunt, os candidatos do Partido Conservador britânico para assumir a chefia de governo no Reino Unido, se confrontaram nesta terça-feira (09/07) em um debate transmitido pela televisão, a duas semanas da votação para escolher quem será o sucessor da primeira-ministra Theresa May.
Johnson – o melhor colocado nas pesquisas – e Hunt se esforçaram para demonstrar quem seria o mais qualificado para lidar com as questões envolvendo o Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), marcada para o dia 31 de outubro.
O tema ainda ocupa o centro do debate político no país, mais de três anos após os britânicos decidirem em referendo pela saída da UE. Johnson, ex-prefeito de Londres e ex-ministro do Exterior, defende que o país deve abandonar a UE com ou sem um acordo.
Ele foi acusado por Hunt de não possuir uma estratégia, se baseando apenas no otimismo quanto a um possível pacto com Bruxelas até a data-limite.
O ex-prefeito questionou o comprometimento de seu adversário para com o Brexit. "Acho muito importante não especular sobre quaisquer circunstâncias nas quais fracassaríamos em deixar a UE até 31 de outubro", afirmou, no debate promovido pela emissora ITV.
Para Johnson, a saída do país até o dia de 31 de outubro seria uma questão de "fazer ou morrer".
Hunt, que ocupa atualmente o cargo de ministro do Exterior, perguntou diversas vezes ao seu adversário se ele renunciaria ao cargo de primeiro-ministro caso fracassasse em sair da UE até o final do prazo. Johnson, por sua vez, se recusou a responder.
"Não quero fornecer à UE a perspectiva de que eles poderiam provocar minha renúncia ao se recusarem a negociar um acordo", disse.
"Porque Boris nunca responde às questões, não temos absolutamente a menor ideia de como seria seu mandato como primeiro-ministro", afirmou o ministro.
Hunt disse que aceitaria adiar a data do Brexit por um curto período, caso isso seja necessário para se chegar a um acordo com Bruxelas. Johnson, que se recusa a aceitar qualquer adiamento, acusou seu adversário de ser um "derrotista". "Atrasar não resultará em um acordo. Um prazo final resultará em um acordo", disse.
Outro ponto que dividiu os dois candidatos foi a recusa de Johnson em descartar a hipótese de suspender o Parlamento para forçar um Brexit sem acordo, o que Hunt disse que jamais faria.
Johnson disse que sua "energia e otimismo" farão com que o país "recupere seu charme" novamente. Hunt, menos carismático, disse que traz uma abordagem mais realista e ampla, ao contrário da perspectiva divisiva de seu adversário.
Em torno de 160 mil membros do Partido Conservador votarão para escolher o sucessor de May, que anunciou sua renúncia no mês passado após fracassar repetidas vezes ao tentar a aprovação de sua estratégia para a saída do Reino Unido da UE, negociada por Londres e Bruxelas. O vencedor será anunciado no dia 23 de julho.
RC/rtr/ap
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