Itália entra na nova Rota da Seda
23 de março de 2019Apesar das preocupações de Bruxelas e Washington, os governos italiano e chinês assinaram neste sábado (23/03) memorando de entendimento "não vinculativo" para selar a entrada da Itália na "nova Rota da Seda".
Em Roma, foram assinados 29 acordos em áreas como infraestrutura e energia, na presença do presidente chinês, Xi Jinping, e do primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte.
A China planeja usar o projeto de infraestrutura para investir bilhões em portos, estradas, ferrovias, redes de telecomunicações e aeroportos em dezenas de países. Novos corredores econômicos e comerciais serão criados na Europa, África e América Latina, mas também na Ásia.
Roma abre-se, assim, à Iniciativa do Cinturão e Rota ("Belt and Road Initiative"), um programa lançado pela China para se conectar com as economias ocidentais na Europa, Oriente Médio e África e que vê nos portos italianos o ponto de chegada ideal para difundir os seus produtos e investimentos.
A Itália é o primeiro país membro do G7, grupo das sete democracias mais industrializadas do planeta, a integrar esse plano faraônico de infraestruturas marítimas e terrestres lançado por Pequim em 2013. Com o projeto, Pequim tenciona impulsionar o seu comércio com o Ocidente, apesar de reservas por parte da União Europeia.
Os Estados Unidos e importantes membros da União Europeia (UE), como a França ou a Alemanha, veem com certa desconfiança o projeto chinês. Os grandes parceiros da UE criticam, entre outros, a falta de transparência e condições desleal de concorrência. Eles também temem que a China continue a fortalecer seu impulso global pelo poder.
Os EUA responderam com palavras duras logo após a declaração. O porta-voz do Conselho Nacional de Segurança da Casa Branca, Garrett Marquis, chamou a nova Rota da Seda de "projeto de infraestrutura vã da China", alegando que "não beneficiaria o povo italiano".
Roma apoiou o projeto da Rota da Seda desde o início. O ex-primeiro-ministro Paolo Gentilioni viajou à China em 2017 para participar da primeira cúpula de cooperações. No entanto, até pouco tempo, ainda não estava claro se a Itália realmente assinaria a carta de intenções com a China.
A posição dentro da coalizão de governo do populista Movimento Cinco Estrelas e da legenda de direita Lega Norte era divergente. "Ambas as partes têm posições diferentes neste projeto", disse Francesca Manenti, analista da Ásia e do Pacífico no think tank italiano Centro Studi Internazionali (CeSI).
Na Europa, assinaram acordos desse tipo países como Malta, Portugal, Bulgária, Croácia, República Tcheca, Hungria, Grécia, Estônia, Letônia, Lituânia, Eslováquia e Eslovênia, mas a Itália é o primeiro país do G7 a fazê-lo.
Após sua visita à Itália, o chefe de estado chinês, Xi Jinping, segue para Mônaco e França. Na terça-feira, o líder comunista se encontra em Paris com o presidente francês, Emmanuel Macron, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
CA/dpa/rtr/lusa
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