Itália contraria UE e rejeita rever orçamento
14 de novembro de 2018O governo da Itália garantiu nesta terça-feira (14/11) que o país manterá as metas traçadas para o orçamento de 2019, apesar da pressão exercida pela Comissão Europeia para que o plano seja revisto e de um risco de o país se tornar alvo de sanções.
A Comissão Europeia rejeitou no mês passado a proposta de orçamento enviada por Roma, que prevê um aumento no déficit, e considerou as previsões de crescimento para 2019 como exageradamente otimistas. O órgão executivo da União Europeia (UE) havia dado prazo até esta terça-feira para que o país respondesse às objeções, mas os italianos mantiveram sua posição.
"O orçamento não muda, nem no balanço nem nas previsões de crescimento. Temos a convicção que este é o orçamento que o país precisa para voltar a crescer", afirmou o vice-primeiro-ministro e ministro do Desenvolvimento, Luigi Di Maio, do Movimento Cinco Estrelas, reforçando a posição do governo de que o atual plano orçamentário antiausteridade deverá reativar o crescimento econômico.
O vice-primeiro-ministro e ministro do Interior, Matteo Salvini, da Liga, afirmou que a meta para o déficit será mantida em 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2019 e a previsão de crescimento permanecerá em 1,5%, mas ressaltou que as vendas de ativos serão reforçadas e haverá maior controle sobre os gastos.
"Trabalhamos em um orçamento que garanta mais emprego, mais direitos à aposentadoria e menos impostos. Se isso convém à Europa, melhor, se não convém à Europa, continuaremos na mesma", disse Salvini.
A Comissão Europeia sustenta que, com as medidas previstas, o déficit italiano poderá ultrapassar 2,9% no próximo ano e 3,1% em 2020. Bruxelas prevê um crescimento de 1,2% para 2019, em vez do percentual de 1,5% defendido por Roma.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou que os ganhos com um crescimento temporário de curto prazo para estimular a economia seriam, muito provavelmente, sobrepujados por um "risco significativo" de uma rápida deterioração. O plano italiano de estímulo fiscal deixaria o país vulnerável a taxas de juros mais altas, que podem gerar recessão. A instituição recomendou a Roma uma consolidação fiscal mais modesta para reduzir os gastos com as finanças.
Ao se recusar a fazer alterações no orçamento, a Itália corre o risco de ser alvo do chamado "procedimento por deficit excessivo" da UE, que pode resultar em sanções econômicas correspondentes a 0,2% do PIB do país. A dívida italiana chega a 130% do PIB. O máximo permitido pela UE, para manter a estabilidade do euro, é 60%.
Em discurso no Parlamento Europeu em Estrasburgo, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, disse que a UE deve ter "mão firme" em relação à Itália, um dos países fundadores do bloco. Ela ressaltou que a moeda única só pode funcionar se todos os integrantes cumprirem suas obrigações para alcançar finanças sustentáveis. "Espero que uma solução possa ser encontrada", afirmou.
RC/dpa/lusa/rtr
______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube
| WhatsApp | App | Instagram | Newsletter